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Cérebros de porcos mantidos vivos fora do corpo pela primeira vez

thornypup / Flickr

Uma equipa de cientistas afirma que os cérebros de porco podem ser mantidos vivos fora do corpo. Os cérebros humanos podem ser os próximos.

Uma equipa de cientistas da Universidade de Yale, no Connecticut, nos Estados Unidos, revelou ter conseguido manter a atividade cerebral de porcos decapitados, durante 36 horas – uma experiência que pode redefinir o conceito de “morte”, como o conhecemos atualmente.

De acordo com Nenad Sestan, o cientista que liderou o grupo de trabalho, a equipa conseguiu manter vivos os cérebros dos animais. Para isso, explica o Jornal de Notícias, os cientistas conectaram os cérebros a um sistema de circuito fechado – o “BrainEx” – capaz de bombear sangue artificial rico em oxigénio para determinadas áreas do órgão.

Sestan admitiu que os resultados deste estudo experimental foram surpreendentes, tendo em conta que foi possível identificar milhões de células vivas nos cérebros dos porcos, ainda que a consciência dos animais nunca seja recuperada.

“Os cérebros podem ficar danificados, mas, se as células estiverem vivas, são órgãos vivos”, explicou Steve Hyman, diretor de investigação psiquiátrica do Instituto Broad, em Cambridge, Massachusetts, à Technology Review, acrescentando que o processo de preservação do cérebro “não é tão diferente do do rim”.

Mas um dos grandes enfoques desta descoberta é o facto de haver a possibilidade de funcionar em outras espécies, nomeadamente primatas. Segundo os cientistas envolvidos no estudo, o procedimento pode abrir caminho para a realização de transplantes em humanos – se bem que a longo prazo e mediante um intenso debate ético.

A descoberta foi recebida com excitação, mas também com muitas preocupações éticas. Ainda assim, embora crie debates sobre se cérebros humanos tratados de igual forma seriam considerados “vivos”, a investigação traria benefícios, como a hipótese de seres humanos falecidos poderem ser usados como cobaias de testes de medicamentos para doenças como o cancro e o Alzheimer.

Embora Sestan tenha especulado sobre potenciais usos humanos, o investigador está confiante de que a linha que define a vida e a morte continua bem definida.

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