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O nosso cérebro gosta mais da natureza do que das cidades. É uma questão de fractais

A falta de fractais na arquitectura moderna deixa-nos mais stressados e é menos agradável para a vista humana.

Um novo estudo publicado na Urban Science procurou descobrir o que acontece ao nosso cérebro quando caminhamos na rua de uma cidade — e parece que, apesar da nossa tendência cada vez maior de nos concentramos nos ambientes urbanos, estes não são agradáveis para os nossos cérebros.

A razão prende-se com a falta de fractais — padrões que se repetem em escalas diferentes e são muito comuns na natureza — na arquitetura moderna e nos espaços.

Devido à prevalência dos fractais na natureza, os nossos cérebros evoluíram para terem uma resposta favorável, precisando apenas de 50 milisegundos para detectar a sua presença, nota o Futurity.

“Mal olhamos para a natureza, ativa-se uma cascada de respostas automáticas. Mesmo antes de repararmos no que estamos a ver, já estamos a responder“, revela o físico Richard Taylor, da Universidade de Oregon.

E essa resposta é positiva, com uma diminuição no stress e um aumento do bem-estar quando olhamos para a natureza. A fatiga mental pode ser reduzida em até 60%, segundo a pesquisa de Taylor.

Há pesquisas que mostram que doentes hospitalizados recuperam mais rápido quando têm acesso a uma janela, dado que a exposição aos fractais ajuda os pacientes a relaxar.

Rlunaro / Wikimedia

Detalhe de couve-flor romanescu, claro exemplo de ocorrência de fractais na natureza

No entanto, a arquitectura moderna não incorpora a natureza ou os fractais, optando antes por edifícios em forma de caixa. O estudo reforça que o design deve passar a ter em conta as pesquisas e que os edifícios devem ser mais centrados nas necessidades humanas, de forma a reduzir-se o stress

Os humanos não gostam de olhar para caixas. Precisamos de reclamar os nossos ambientes urbanos e trazer a natureza de volta”, defende Taylor, que lembra que o stress custa 300 mil milhões por ano à economia norte-americana.

O físico juntou-se à psicóloga Margaret Sereno e ao arquitecto Ihab Elzeyadi para criarem projectos de design baseados na ciência que incorporem os fractais que agradam à vista humana.

“No nosso âmago biológico está o desejo de nos sentirmos relaxados, é uma necessidade essencial enquanto humanos. Podemos retirar muitos benefícios da qualidade que reduz o stress da qualidade e podemos aumentar o bem-estar das pessoas ao reintroduzirmos a natureza no design e na arquitetura”, remata Taylor.

ZAP //

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