Um ministro e um deputado brasileiros denunciaram que apoiantes do ex-Presidente Jair Bolsonaro roubaram armas de fogo, guardadas no palácio presidencial em Brasília, aquando da invasão, no domingo, das sedes dos três poderes do país.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência brasileira, Paulo Pimenta, mostrou dois estojos de armas de fogo vazios, em cima de um sofá parcialmente queimado no Palácio do Planalto, de acordo com um vídeo e fotografias divulgadas no Twitter.
O deputado Wadih Damous, que acompanhou Paulo Pimenta, sublinhou que os assaltantes “tinham informações” sobre o que estava guardado no Gabinete de Segurança Institucional da presidência, uma vez que levaram armas, munições e documentos.
Apesar dos danos causados, o Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, garantiu que vai retomar esta segunda-feira os trabalhos no Palácio do Planalto, numa mensagem divulgada no domingo no Twitter.
“Os golpistas que promoveram a destruição do património público em Brasília estão sendo identificados e serão punidos (…). Democracia sempre”, salientou.
Lula da Silva deslocou-se no domingo à noite à sede do executivo brasileiro para conferir os estragos provocados no local, indicou a TV Globo.
Assim ficou a Sala de Armas do GSI após a invasão dos terroristas ao Palácio do Planalto. Todos devem ser identificados, responsabilizados e punidos com o rigor da lei para que a democracia não volte a sofrer este tipo de violência. Tolerância zero ao terrorismo! pic.twitter.com/S4PpBPmtOZ
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) January 9, 2023
O chefe de Estado brasileiro foi ainda recebido pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, na sede do tribunal.
Durante o dia de domingo, Lula da Silva ausentou-se de Brasília para realizar uma visita oficial à cidade de Araraquara, no interior do estado de São Paulo, em solidariedade com a população afetada por fortes chuvas que caíram na região.
Apoiantes do ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram e vandalizaram, no domingo, as sedes dos três poderes do país em Brasília, obrigando a uma intervenção federal para repor a ordem e suscitando a condenação da comunidade internacional.
A Polícia Militar conseguiu, entretanto, recuperar o controlo da sede do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, assim como desocupar totalmente a praça dos Três Poderes, na capital brasileira, numa operação que resultou também em pelo menos 300 detenções.
A invasão começou depois de militantes da extrema-direita brasileira apoiantes de Bolsonaro, derrotado por Lula da Silva nas eleições de outubro passado, terem convocado um protesto para a esplanada dos Ministérios, em Brasília.
Petrobras na mira de invasores
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alertou esta madrugada para possíveis ataques às refinarias da petrolífera brasileira Petrobras, na sequência das invasões às sedes dos três poderes em Brasília.
“Estes possíveis atos podem colocar em risco os ativos da Petrobras, a integridade física dos trabalhadores destas unidades assim como o entorno destes ativos e comprometer o fornecimento de combustíveis para a população”, indicou a FUP.
“Neste sentido entendemos ser fundamental que a empresa se prepare e acione todos os meios necessários para garantir a segurança dos trabalhadores e das unidades produtivas da empresa e o abastecimento dos mercados”, acrescentou, lembrando a circulação de mensagens nas redes sociais em que manifestantes indicam que querem impedir o fornecimento de combustíveis à população.
Os apoiantes de Bolsonaro estarão a mobilizar, através das redes socais, ataques às refinarias da Petrobras em todo o país.
Em comunicado, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, indicou que, “em articulação com as entidades vinculadas, tem garantido a normalidade do abastecimento nacional de combustíveis e o funcionamento adequado de refinarias, terminais e bases de distribuição”.
Silveira prometeu acompanhar com atenção a situação dos protestos nessas infraestruturas e garantir o fornecimento de combustíveis.
A presidente do Partido dos Trabalhadores já acusou também manifestantes de terem bloqueado o acesso à Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) em Araucária, Curitiba, no estado do Paraná (sul), apontando para vídeos publicados nas redes sociais.
Segue o vídeo dos criminosos q não postei anteriormente. Alô @ratinho_jr O povo precisa de combustível, não de vandalismo e delinquência pic.twitter.com/339du0FexV
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) January 9, 2023
“Os bandidos agora estão tentando impedir as refinarias de distribuir combustíveis. Esse vídeo é de delinquentes lá no Paraná, que estão à frente da Repar, em Araucária. O governo do Estado vai deixar?”, escreveu Gleisi Hoffmann, no Twitter.
O ex-Presidente Jair Bolsonaro demarcou-se esta segunda-feira das invasões de edifícios públicos em Brasília feitas no domingo pelos seus apoiantes e repudiou as acusações de ter estimulado os ataques.
“Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, escreveu Jair Bolsonaro, na sua conta oficial na rede social Twitter.
Em três ‘posts’ sucessivos, Jair Bolsonaro comentou as ocupações feitas na capital brasileira e rejeitou as acusações feitas pelo seu sucessor, Lula da Silva, que o responsabilizou por ter incitado os ataques de domingo aos edifícios sede dos poderes legislativo, judicial e executivo.
“Repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil”, escreveu Bolsonaro.
Numa declaração pouco depois dos ataques em que decretou a intervenção federal em Brasília, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou hoje Bolsonaro de ser um genocida, por provocar e estimular invasões violentas em edifícios públicos neste domingo na capital do país.
“Este genocida não só provocou isso, não só estimulou isso, como, quem sabe, está estimulando ainda pelas redes sociais também”, afirmou Lula da Silva referindo-se a Bolsonaro que está em Orlando, nos Estados Unidos.
ZAP // Lusa