O bispo demitiu-se após um padre organizar uma orgia e ter tentado bloquear a assistência médica a um prostituto que sofreu uma overdose.
O bispo Grzegorz Kaszak, da diocese de Sosnowiec, no Sul da Polónia, renunciou ao seu cargo após um escândalo sexual que envolveu um padre da sua jurisdição. O caso ocorreu em Dabrowa Górnicza, uma cidade perto de Katowice, e foi primeiramente noticiado pelo jornal Gazeta Wyborcza.
O padre, identificado apenas como Tomasz Z., é acusado de organizar uma orgia, durante a qual um prostituto sofreu uma overdose e necessitou de assistência médica. Segundo relatos, foram consumidos estimulantes sexuais em excesso durante a festa, levando ao colapso do homem. As autoridades de emergência teriam sido inicialmente impedidas de entrar no local, sendo necessária a intervenção policial para prestar socorro ao indivíduo.
O Ministério Público polaco abriu um inquérito, mas até agora, ninguém foi formalmente acusado. No entanto, o padre Tomasz Z. é suspeito de “recusar prestar assistência a uma pessoa que tinha a vida em risco”.
Em comunicado, uma comissão de inquérito da diocese confirmou parcialmente o escândalo, acusando o padre de violar gravemente as normas morais e as obrigações decorrentes da sua condição de clérigo. Em resposta, Tomasz Z. rejeitou as acusações e alegou ser vítima de um “ataque óbvio à igreja”.
Este não é o primeiro caso polémico na diocese de Sosnowiec sob a liderança de Kaszak. Em 2010, o reitor de um seminário foi afastado após envolver-se numa briga num clube gay, e este ano, um diácono foi assassinado por um padre que se suicidou subsequentemente, explica o Público.
A renúncia de Kaszak foi recebida com ceticismo por alguns observadores, incluindo o padre e filósofo Andrzej Kobyliński, que argumenta que a demissão foi tardia e provavelmente pressionada por Varsóvia ou pelo Vaticano. O arcebispo de Katowice, Adrian Galbasa, foi nomeado como substituto temporário de Kaszak.
O escândalo ocorre num momento delicado para a Igreja Católica na Polónia, que enfrenta uma crise de credibilidade e uma diminuição na prática religiosa, especialmente entre os mais jovens. Além disso, a relação próxima entre a Igreja e o Partido Lei e Justiça (PiS), no poder desde 2015, tem alienado muitos fiéis, exacerbada ainda por casos anteriores de abusos sexuais de menores.
O caso acrescenta mais um capítulo à crise que abala a Igreja Católica polaca, cuja influência está em declínio, conforme indicam os últimos censos que mostram que apenas 71% da população se identifica como católica, uma queda de mais de dez pontos percentuais na última década.