Beethoven sofreu envenenamento por chumbo — mas não foi isso que o matou

(CC0/PD) Wikimedia

Ludwig van Beethoven pintado por Joseph Karl Stieler.

Uma nova pesquisa confirma que Beethoven foi exposto a níveis perigosos de chumbo, mas esta intoxicação não terá sido a principal causa da sua morte.

Um novo estudo publicado na Clinical Chemistry lança uma nova luz sobre os problemas de saúde e a morte do famoso compositor alemão Ludwig van Beethoven, contradizendo a crença de longa data de que teria morrido envenenado por chumbo.

Utilizando tecnologias avançadas de sequenciação genómica, os investigadores descobriram que Beethoven sucumbiu provavelmente a uma doença hepática exacerbada pela hepatite B, agravada pelo seu consumo de álcool e predisposições genéticas, aponta o Science Alert.

A morte de Beethoven num dia de tempestade, marcada por iterícia, é agora compreendida no contexto dos seus complexos problemas de saúde, que incluíam também graves problemas gastrointestinais e perda progressiva de audição. Apesar destas doenças, a capacidade de Beethoven para compor sinfonias orquestrais veneradas, mesmo quando perdeu a audição e se retirou das atuações públicas, continua a ser um testemunho da sua resiliência e do seu génio.

Foram obtidas mais informações através da análise de duas madeixas de cabelo de Beethoven autenticadas, conhecidas como madeixas Bermann e Halm-Thayer.

Esta análise foi realizada por Nader Rifai, um patologista da Harvard Medical School, e pela sua equipa, que aplicaram técnicas de espetrometria de massa para medir vestígios de chumbo, arsénico e mercúrio nas madeixas.

Os investigadores encontraram concentrações invulgarmente elevadas destes metais, sendo os níveis de chumbo nas amostras de cabelo 64 a 95 vezes superiores aos níveis típicos de indivíduos saudáveis.

Apesar destes resultados, a equipa de investigação concluiu que, embora a exposição ao chumbo tenha contribuído para os vários problemas de saúde de Beethoven, não foi a causa única ou direta da sua morte. Os níveis identificados, que variam entre 69 e 71 microgramas por decilitro na concentração estimada de chumbo no sangue, eram suficientemente elevados para causar potencialmente os seus problemas gastrointestinais e auditivos, mas não eram fatais por si só.

O estudo também explorou outros factores que poderiam ter influenciado a saúde de Beethoven, incluindo marcadores genéticos ligados ao lúpus, que poderiam explicar parte da sua perda de audição, e especulou sobre a possibilidade de otosclerose, uma doença que pode causar a fusão dos ossos do ouvido médio. No entanto, as causas genéticas da otosclerose continuam por descobrir, deixando espaço para mais investigação.

ZAP //

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