Nani aparece no meio da história mais louca do futebol, no que diz respeito a grandes penalidades. Tudo começou com uns centímetros. Equipa de Nani celebrou o apuramento três vezes – só na última é que a vitória apareceu mesmo. E há vídeo para guardar para a eternidade…
Iniciamos este artigo com um excerto do resumo que a própria Major League Soccer (MLS) publicou: “Momento do jogo: podíamos facilmente escolher uma dúzia de momentos para esta parte do artigo…”.
O jogo em causa aconteceu neste sábado, nos Estados Unidos da América, na primeira ronda dos play-offs do principal campeonato local. Orlando City SC e New York City FC entraram em campo e Orlando ganhou, depois de um desempate através de grandes penalidades que durou 22 minutos. Já lá vamos.
A partida chegou aos 90 minutos com um empate a uma bola. Nani inaugurou o marcador aos cinco minutos, numa grande penalidade, mas três minutos depois Maxime Chanot, de cabeça, igualou o resultado. Aos 87′ Ruan foi expulso e, por isso, Orlando jogou durante 10 elementos durante todo o prolongamento. E ainda viria a terminar o encontro com nove jogadores, apesar de ninguém ter visto o cartão vermelho durante o prolongamento. Já lá vamos.
Como não houve golos durante o tempo extra, seguiu-se o desempate normal por grandes penalidades. Mas o que aconteceu a seguir não foi normal…
Guarda-redes expulso: e agora?
Nas oito primeiras tentativas, sim, tudo normal. Sete golos e apenas uma tentativa falhada, por parte do New York City FC. Na quinta grande penalidade do New York City FC, Valentin Castellanos permitiu a defesa de Pedro Gallese e os jogadores de Orlando celebraram a vitória.
Cedo demais. Ainda não acabou. O árbitro entendeu que Gallese se afastou da linha final por uns centímetros, antes de Castellanos rematar, e obrigou à repetição do penálti. E mostrou o cartão amarelo ao guarda-redes do Orlando City, que já tinha visto o cartão amarelo na primeira parte do prolongamento. Segundo amarelo, expulsão.
Minutos depois, o guarda-redes suplente foi para a baliza, substituindo um defesa, Rodrigo Schlegel. Quando o guarda-redes suplente, Brian Rowe, estava pronto para tentar defender o remate do adversário, o árbitro pediu para esperar um pouco mais. E depois disse a Rowe: “Afinal, não podes estar aí. Sai”.
É que não pode haver substituições durante o desempate por grandes penalidades. Mas só quando o guarda-redes estava na baliza é que o árbitro aplicou essa regra – e porque foi avisado pelo auricular. Fica também a curiosidade: quem o avisou foi Howard Webb, um dos ex-árbitros mais conhecidos de sempre, que é diretor da vídeo-arbitragem na MLS.
Brian Rowe voltou para o banco e quem foi para o seu lugar foi precisamente Rodrigo Schlegel, que iria ser substituído pelo guarda-redes; se isso pudesse acontecer. Na repetição da tal grande penalidade polémica, Castellanos marcou. A seguir, se Nani marcasse, o jogo acabaria. O internacional português falhou e seguiu-se a “morte súbita”.
Festejar a vitória quando está 5-5
Mais à frente, Thorarinsson permitiu a defesa ao defesa Rodrigo Schlegel, o guarda-redes inesperado de Orlando. Inesperada foi também a festa do Orlando City que aconteceu logo após esta defesa de Schlegel. É que o resultado estava 5-5. Nenhuma equipa ganha um desempate se o resultado está empatado. A própria equipa de arbitragem já nem tinha a certeza se faltava algum penálti. Faltava. O New York City foi a equipa a abrir a sequência das grandes penalidades; por isso, se Thorarinsson (New York City) falhou, faltava o adversário marcar, para confirmar a vitória.
Benji Michel avançou e marcou. À terceira festa, era desta? Sim. Desta vez tudo contou, tudo estava bem contabilizado e o Orlando City SC apurou-se mesmo.
Pode ver esta “loucura” no vídeo:
Árbitros só voltam em 2021
Entretanto, neste domingo a MLS anunciou que a equipa de arbitragem deste duelo histórico, liderada por Allen Chapman, não vai voltar a dirigir qualquer jogo destes play-offs. A organização do campeonato admitiu que tudo foi decidido de acordo com as regras em vigor, “mas houve confusão em múltiplos momentos durante um desempate por grandes penalidades que durou cerca de 22 minutos”.
E mesmo uma das regras em vigor lançou alguma confusão, após o jogo. A expulsão do guarda-redes do Orlando City deveu-se a um cartão amarelo por sair da linha de golo antes do remate do adversário. As regras internacionais para a temporada 2020/21 indicam que, numa primeira ocorrência deste género, o guarda-redes é advertido verbalmente; se repetir o gesto no mesmo desempate por penáltis, aí sim, vê o cartão amarelo. No entanto, este campeonato é relativo à temporada 2019/20; portanto, esta regra só vai ser aplicada na próxima edição da MLS.
Refira-se ainda que Allen Chapman, o árbitro que virou “estrela” no meio desta confusão e que foi afastado do resto da época, foi considerado o melhor árbitro da MLS em 2019.