Quanto custa aquecer as casas dos portugueses no inverno?

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Com a chegada do inverno, o frio faz-se sentir na casa de muitos portugueses. Porém, há uma grande fatia da população que não tem dinheiro para as aquecer.

As baixas temperaturas bateram à porta nas últimas semanas, e o consumo de eletricidade em Portugal aumentou em novembro.

Segundo a REN, em novembro o consumo de eletricidade em Portugal cresceu 4% face ao ano passado.

Para muitas família a solução para contornar o frio passa por ligar à tomada de eletricidade o aquecedor a óleo ou o termoventilador. Contudo, esta opção acresce um custo à fatura da eletricidade mensalmente. De acordo com as contas do Expresso, tendo em conta as explicações da REN, são quase 39 cêntimos por hora a mais na fatura da luz.

O jornal exemplifica que um aquecedor a óleo com 2000 watts de potência consumirá 2 kilowatts hora (kWh) por cada hora ligado. Se se considerar os 15,8 cêntimos por kWh da tarifa regulada, mais IVA, chega-se a um encargo com um só aquecedor de 38,9 cêntimos por hora.

Contudo, considerando que o aparelho está ligado seis horas por dia, são 2,33 euros diários a mais na fatura – o que no final do mês são quase mais 70 euros.

Para as 757 mil famílias de baixos rendimentos que beneficiam da tarifa social, o preço da energia é mais baixo. Na tarifa social o preço do kWh na tarifa simples está em 12,76 cêntimos, o que significa que o uso de um aquecedor a óleo durante seis horas por dia gera um encargo de 1,88 euros diários, ou 56,4 euros mensais.

A associação de defesa do consumidor Deco já alertou por várias vezes para o impacto destas soluções (aquecedores a óleo, radiadores, termoventiladores) na fatura doméstica, alertando os aparelhos de ar condicionado e as salamandras alimentadas a “pellets” acabam por ser as melhores soluções de aquecimento.

De acordo com a Deco, investir num aparelho de ar condicionado permitirá poupar quase 300 euros por ano em eletricidade.

Segundo os mais recentes dados do Eurostat, Portugal tinha no primeiro semestre deste ano a oitava fatura de eletricidade mais cara da Europa, com um custo final para as famílias de 20,89 cêntimos por kWh em média.

Este é um valor que está tanto abaixo da média da União Europeia (21,92 cêntimos por kWh) como da zona euro (23,22 cêntimos).

Por que razão as nossas casas são tão frias?

Em Portugal, a chegada do frio significa também um arrefecimento do interior das casas.

“Com os salários que há em Portugal, as pessoas só podem ter casas dessas” onde se passa frio, refere Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, destacando a falta de dinheiro para um aquecimento mais completo. Contudo, este não é o único problema.

Segundo o bastonário, “a maior falácia é a de que temos um clima ameno”. Isto porque “é vulgar no Alentejo um local com 45ºC no verão atingir -4 no inverno. É uma amplitude de quase 50 graus”.

Neste sentido, a ideia culturalmente aceite de que o nosso clima é ameno fez nascer prédios e moradias onde o conforto térmico nunca foi prioritário nem no verão nem no inverno.

Nos anos de 1950 e no boom da construção entre as décadas de 70 e 80 “havia no mercado práticas e materiais inadequados”, explica Carlos Mineiro Aires ao Expresso.

Aline Guerreiro, arquiteta coordenadora do Portal de Construção Sustentável, corrobora estas afirmações e refere que a prioridade é sempre baixar o preço, recorrendo a materiais à base de petróleo para isolar os edifícios.

Os especialistas referem que o mais importante será mudar a mentalidade sobre a forma como se constroem casas em Portugal.

ZAP //

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3 Comments

  1. Dizem que “o mais importante será mudar a mentalidade sobre a forma como se constroem casas em Portugal.” E daqui a quantas décadas é que isso se vai realmente refletir na realidade? Até lá o problema vai continuar, piorando a cada ano. E todos os anos voltamos a ouvir a mesma conversa, que não ajuda quem precisa a curto ou médio prazo. Não seria possível criar, por exemplo, formas de criar sistemas de aquecimento central nos edifícios como existe noutros países da Europa? Entretanto, o povo é que paga e os mais pobres passam frio porque o dinheiro não chega…

  2. a responsabilidade do governo que nao cria nem fiscaliza as construçoes. o construtor deixa as casas com pessimas condiçoes e vende por balurdios com materiais e equipamentos que nao passariam em nenhuma certificaçao para comportamento termico. sem leis, ja se sabe que o interesse individual se sobrepoe a tudo o resto, e se os construtores passaram a andar por ai de mercedes e de ferrari nao é por acaso.

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