Instituto de Arqueologia Leibniz
A descoberto do amuleto em Frankfurt indica que as ideias cristãs chegaram ao ocidente do Império Romano mais cedo do que se pensava.
Uma descoberta pioneira em Frankfurt, na Alemanha, revelou um amuleto de prata com 1800 anos de idade que contém a mais antiga prova de cristianismo a norte dos Alpes. O artefacto, encontrado numa sepultura datada entre 230 e 270 d.C., pode reescrever a história sobre a difusão do Cristianismo no início do Império Romano, anunciaram os investigadores a 11 de dezembro.
O amuleto, que mede apenas 3,5 centímetros, foi descoberto em 2018 no enterro de um homem que provavelmente o usava num cordão à volta do pescoço. Contém um pergaminho de prata muito fino com uma inscrição em latim, que foi desenrolado digitalmente usando técnicas avançadas de imagem.
Esta inscrição, atualmente designada por “Inscrição de Frankfurt”, faz referência exclusivamente a crenças cristãs e inclui o exemplo mais antigo conhecido de certas frases, como “Santo, Santo, Santo!”.
O texto invoca Jesus Cristo como o Filho de Deus e cita uma citação antiga da Carta de Paulo aos Filipenses. A raridade de tais inscrições é notável por serem escritas em latim, uma vez que a maioria dos primeiros amuletos cristãos apresentavam texto grego ou hebraico, refere o Live Science.
Tine Rassalle, um arqueólogo bíblico independente, sublinhou a singularidade da origem do artefacto. “Os amuletos cristãos eram comuns no Mediterrâneo oriental, mas esta descoberta mostra que as ideias cristãs já tinham chegado aos territórios romanos ocidentais”, explicou Rassalle.
Acreditava-se que amuletos como este ofereciam proteção contra infortúnios, como doenças ou forças demoníacas. A sua utilização na Antiguidade Tardia era generalizada, mas concentrava-se principalmente nos primeiros centros do cristianismo no Império Romano do Oriente. O achado alemão sugere uma presença significativa do cristianismo na região, muito antes de se tornar uma corrente dominante no Ocidente.
A descoberta do amuleto levou os académicos a reconsiderar a cronologia da expansão do cristianismo no Ocidente. O Presidente da Câmara de Frankfurt, Mike Josef, chamou ao achado uma “sensação científica”, sublinhando o seu significado histórico para o cristianismo e para a cidade de Frankfurt.
