Águias-de-Bonelli encontradas mortas no Douro Internacional

Duas águias-de-Bonelli jovens foram encontrados mortas no Douro Internacional, após terem sido marcadas com emissores GPS em 2018 e 2019, anunciaram na segunda-feira técnicos ligados a um projeto ibérico de salvaguarda destas aves.

“O facto de terem sido marcadas com emissores GPS permitiu segui-las e detetar que se encontravam mortas, sendo ainda possível recuperar os cadáveres e determinar a causa de morte”, indicou José Jambas, um dos técnicos ibéricos ligados à preservação desta espécie ameaçada de extinção.

Segundo uma nota enviada à agência Lusa, de um total de sete juvenis de águia-de-Bonelli marcados no ninho em 2018 e 2019 no Parque Natural de Arribes del Duero (Espanha), seis encontram-se em território português, e dois destes foram já encontrados mortos em Alcácer do Sal e na Figueira da Foz.

A primeira destas duas águias “irmãs” foi encontrada morta em dezembro de 2019 no concelho de Alcácer do Sal, sendo recolhida por um dos técnicos do projeto em conjunto com o GNR/SEPNA de Grândola e os Vigilantes do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). “Este exemplar ficou em posse do ICNF para ser analisado, mas ainda não se conhecem os resultados”, adiantaram os técnicos.

A segunda ave foi encontrada no passado dia 10 de fevereiro, presa numa rede aérea de nylon de uma piscicultura no concelho da Figueira da Foz. “Estas redes, utilizadas para proteger os tanques das pisciculturas da predação por aves, principalmente marinhas, são a causa de mortalidade de numerosas espécies protegidas como corvos-marinhos, garças, e mesmo outras aves, como o caso da águia-de-Bonelli, que terá ido tentar caçar um dos corvos-marinhos que se encontrava já preso na rede”, alertou o técnico José Jambas, que recolheu o cadáver do juvenil em conjunto como a GNR de Montemor-o-Velho.

“Esta situação é de extrema gravidade, quer pela mortalidade causada quer pela negligência dos proprietários das pisciculturas que não retiram as aves quando estas ficam presas nas redes, deixando-as morrer lentamente à fome, à chuva ou ao sol”, frisou.

Os técnicos de conservação da natureza alertam que “é urgente e essencial” que se tentem evitar mais situações como esta “e para isso é de extrema urgência que o Ministério do Ambiente e o ICNF tomem medidas imediatas para evitar a enorme mortalidade de aves que ocorre neste tipo de explorações piscícolas, de forma a evitar que mais espécies protegidas e de estatuto de conservação prioritária continuem a morrer”.

“É importante também que se criem leis que proíbam a utilização deste tipo de redes, e que se encontrem soluções que permitam por um lado minimizar os prejuízos causados pelas aves marinhas aos piscicultores, e por outro lado eliminar a mortalidade de aves nestes locais”, vincou a equipa liga a preservação desta espécie.

A equipa do projeto que permitiu seguir estas aves e detetar a sua morte é constituída pelos técnicos José Jambas (Portugal), Javier García,e Isidoro Carbonell (Espanha), em representação da empresa SALORO SLU, sob autorização e coordenação da Junta de Castilla y León (Espanha).

Lusa //

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