A Autoridade do Medicamento estima que os portugueses poupem pelo menos 14 milhões de euros em fármacos no próximo ano, com a revisão anual de preços, mas as farmácias manifestaram já preocupação com os impactos desta decisão.
As estimativas do Infarmed apontam para uma poupança, em 2016, de 14 milhões de euros para os utentes e de 27,1 milhões de euros para o Estado, no mercado ambulatório (fármacos vendidos em farmácias).
Já nos hospitais, em que as despesas são suportadas integralmente pelo Serviço Nacional de Saúde, o Estado deverá atingir uma poupança de 40,6 milhões de euros.
Numa carta enviada ao Ministério da Saúde, a que a agência Lusa teve acesso, a Associação de Farmácias de Portugal manifesta a sua “extrema preocupação com os graves impactos” da revisão de preços dos medicamentos “para as farmácias e para os doentes”.
“Com a alteração de um dos países de referência (…), o Governo pretende, mais uma vez, reduzir os seus gastos com a despesa em medicamentos em Portugal, apesar de o preço destes ser já dos mais baixos da Europa”, refere a carta.
A Associação de Farmácias de Portugal teme que “uma nova baixa de preços” contribua “ainda mais para a situação de asfixia das farmácias” e para “aumentar as dificuldades dos doentes no acesso aos medicamentos de que necessitam”.
Sublinha que as alterações frequentes de legislação e as reduções das margens de lucro das farmácias “têm contribuído fortemente para que cada vez mais farmácias entrem em processo de insolvência” e para que sejam “cada vez mais frequentes” as falhas no abastecimento de medicamentos.
“Os utentes são os mais prejudicados, pois as falhas de abastecimento têm como principais impactos a redução da adesão à terapêutica ou mesmo o seu abandono”, indica a carta enviada ao secretário de Estado da Saúde.
Este ano, com a revisão anual de preços dos medicamentos, o Infarmed indica que os utentes portugueses pouparam 13,3 milhões de euros e o Estado, em ambulatório, poupou 21,6 milhões.
Espanha, França e Eslovénia foram os países de referência, tendo em conta o PIB e o preço dos fármacos, com os quais Portugal se comparou.
/Lusa