Pornografia com IA pode ser mais viciante do que a pornografia tradicional — e isso acarreta problemas graves.
“Gooner” e ex-viciado em pornografia, Kyle, de 26 anos, caiu novamente na dependência, no verão passado, mas desta vez foi pornografia gerada por Inteligência Artificial (IA).
“Era algo que nunca tinha visto antes — e tive que ir ver mais”, confessa o jovem ao Wired, levado na ilusão de fantasias surreais, cada vez mais extremas e características hiper-exageradas e hipersexualizadas das “mulheres” artificiais que via no ecrã.
Foi no Instagram que lhe apareceu o primeiro gosto da pornografia IA, num reel em que se via uma mulher com “seios do tamanho do corpo” que o atraíram de uma maneira única.
O vício em pornografia ainda nem sequer seja reconhecido oficialmente como diagnóstico de perturbação mental, e a crescente indústria de pornografia gerada com IA, mais intensa, pode também intensificar a compulsão da pornografia “normal” e, especialmente, afastar quem a consome de relações reais, alertam terapeutas.
“Já vivemos numa sociedade em que as pessoas estão cada vez mais habituadas a ter o que querem, quando querem. Embora isso seja conveniente para muitos aspetos da vida, é prejudicial para as relações e para a comunidade”, alerta o terapeuta Leor Ram.
O vício de Kyle começou a afetar a sua relação. Sentia a sua libido a diminuir e dificuldades no desempenho sexual. A sua companheira, sem saber o que se passava, começou a afastar-se — e Kyle procurava ajuda em fóruns para deixar de consumir pornografia, locais online onde milhares de pessoas classificam a pornografia com IA como “insana” e “altamente viciante”.
Plataformas como a Pornhub, o maior site de pornografia do mundo, restringem atualmente o carregamento de conteúdos com IA a animações criadas por utilizadores verificados. Mas cada vez mais se consome esse tipo de pornografia com participantes que nem sequer existem.
Os conteúdos variam entre cenários fantasiosos ou personagens fictícias, mas também recriações hiperrealistas de celebridades. As vítimas do mundo real são cada vez mais, “despidas” pela IA sem o seu consentimento.
A nível económico, o setor da pornografia com IA já está a gerar receitas. Uma investigação da Indicator a 85 sites de “nudificação” — sim, eles andam por aí — estima que o mercado tenha um valor anual de cerca de 36 milhões de dólares. Com a entrada em vigor de leis mais rígidas de verificação de idade em vários estados dos EUA, teme-se que muitas pessoas optem por criar conteúdos de IA em casa para contornar essas restrições.
Para Kyle, o ponto de viragem aconteceu numa viagem de trabalho, em Fevereiro. Sozinho num hotel, depois de mais uma noite compulsiva de masturbação, percebeu que não se sentia melhor — pelo contrário. Desde então, juntou-se a grupos de apoio e reduziu drasticamente o consumo de conteúdos adultos.
A Ursula quer acabar com a pornografia gratuita via internet na União Europeia, a pretexto de “não ser vista pelas criancinhas”. Isso é uma treta. O que ela quer é que a pornografia seja só para os ricos. Se fores pobre e feio vais onanizar-te como? Os pobres e feios também têm direito ao orgasmo!