Um novo estudo poderá ajudar a compreender melhor o que causa este estranho fenómeno que dá a sensação de estarmos fora do nosso próprio corpo.
Um novo estudo, publicado na revista Personality and Individual Differences, identificou fatores comuns em pessoas que tiveram experiências fora do corpo (EFC), um fenómeno em que os indivíduos descrevem vivenciar o mundo como se estivessem num local exterior ao seu corpo.
Segundo o IFL Science, um número surpreendente de pessoas já teve EFCs, com alguns inquéritos a indicar que entre 10 a 20% da população terá passado por isso. A experiência e o seu impacto podem variar bastante de pessoa para pessoa.
“As EFC manifestam-se de formas diversas, com cada indivíduo a descrever sensações e circunstâncias únicas em torno da experiência. Os fatores desencadeantes são variados e, em muitos casos, completamente opostos entre si”, explica um artigo sobre o tema.
“Estas experiências podem surgir em momentos de profunda tranquilidade, como durante a meditação ou relaxamento ou, pelo contrário, em situações de grande stress, quando a pessoa está em perigo físico ou a passar por um trauma psicológico. Uma vez desencadeada a experiência, a sensação de estar fora do corpo pode vir acompanhada por uma ampla gama de emoções.
“Algumas pessoas descrevem uma sensação absoluta de paz, enquanto outras referem medo, sobretudo devido ao pensamento: “Não vou conseguir voltar ao meu corpo?”.
Após estas experiências, por vezes traumáticas, as pessoas relatam sentir-se como se estivessem fora do corpo, por vezes a olhar para ele de cima.
“Vejo-me como se estivesse num avião, a olhar para baixo, a uma distância de cerca de 1,5 metros. Sinto-me dividido e vejo-me lá em baixo. O meu corpo está lá em baixo, eu não estou no meu corpo, estou fora dele,” descreveu uma pessoa, segundo um relatório de caso. “A minha mente vê o meu corpo, vejo a forma do meu corpo. A parte de mim que está por cima… parece-me estranha, parece um anjo, uma entidade. Vejo o corpo ali mas eu sou como ar.”
Os investigadores têm-se concentrado, no passado, em perceber o que poderá causar estas experiências invulgares, havendo sugestões de que possam estar relacionadas com problemas no ouvido interno.
Outros estudos conseguiram induzir EFCs através da estimulação do giro angular direito do cérebro, a área responsável por integrar a informação visual e o feedback dos membros sobre a sua posição — essencialmente, criando no cérebro uma representação do corpo.
Ao usar elétrodos para estimular essa área durante uma operação, uma equipa de investigadores na Suíça conseguiu provocar o fenómeno num paciente que estava a ser operado ao cérebro.
Um paciente seguinte, que procurava tratamento para zumbidos em 2007, experienciou várias EFCs quando a mesma área foi estimulada.
No novo estudo, a equipa liderada por Mariana Weiler, neurocientista na Divisão de Estudos Percetivos da Universidade da Virgínia, investigou os fatores comuns partilhados por pessoas que tiveram experiências fora do corpo.
Foram recrutados 545 adultos de origens diversas, aos quais foi perguntado se alguma vez tinham tido uma EFC, bem como questões sobre a sua saúde física, saúde mental, historial de vida e historial psiquiátrico.
Entre os que relataram já ter tido EFCs, 80% referiram entre uma e quatro ocorrências, enquanto 20% indicaram cinco ou mais. 74% das experiências foram descritas como ocorrendo de forma espontânea, 9% após o uso de substâncias psicoativas, 8,2%o na sequência de meditação ou visualização, e 0,7% após hipnose.
A equipa encontrou fatores comuns entre os participantes: aqueles que tinham experienciado EFCs apresentavam taxas mais elevadas de perturbações mentais comuns, incluindo depressão e ansiedade.
Este grupo também era mais propenso a sintomas dissociativos, obtendo pontuações mais altas na Escala de Experiências Dissociativas – Taxon (DES-T).
Neste campo, as diferenças foram marcantes: 40% do grupo com EFC obteve pontuações superiores a 20, sugerindo um nível moderado de experiências dissociativas, em contraste com 14% do grupo sem EFC. Além disso, verificou-se que pessoas que tinham sofrido traumas significativos na infância eram mais propensas a ter EFCs.
Embora o estudo sugira que existe uma ligação entre problemas comuns de saúde mental e as EFCs, os autores propõem que estas experiências podem, na verdade, ser um fenómeno subconsciente que oferece “uma fuga temporária de realidades angustiantes ou permite uma reformulação de experiências pessoais”.
“Muitas pessoas acreditam que ter EFCs significa que há algo de errado com elas, por isso evitam falar do assunto por medo de serem julgadas ou vistas como doentes mentais. Infelizmente, muitos profissionais de saúde mental ainda veem estas experiências da mesma forma”, afirmou Weiler num comunicado.
“Neste trabalho, descobrimos que os indivíduos que tiveram EFCs tendem a relatar uma saúde mental mais fragilizada em comparação com aqueles que nunca as tiveram. No entanto, os nossos resultados também sugerem que as EFCs podem funcionar como um mecanismo de coping (adaptação) em resposta a traumas passados, em vez de serem a causa de doença mental. Encorajamos os profissionais de saúde mental a repensar a forma como interpretam estas experiências e a abordá-las com maior abertura e sensibilidade.”
Apesar de se tratar de uma ligação interessante, serão necessários mais estudos. A equipa sugere que futuras investigações se devem focar no contexto em que ocorrem as EFCs.
“O contexto em que ocorre uma EFC — seja de forma espontânea, intencionalmente induzida por técnicas como meditação ou privação sensorial, ou facilitada por substâncias psicadélicas — provavelmente introduz uma grande variabilidade nos mecanismos neuronais subjacentes e nas consequências psicológicas associadas”, concluem.
“Em suma, os nossos resultados apontam para a necessidade de estudos mais pormenorizados e diferenciados sobre as EFCs.”
So quem tem deficiência mental passa por isso! Deviam ser internados mss deixam-nos andar a enganar o povo! O tyaon e outros cientistas publicaram estudo que comprova que nas EQMs os utilizadores nao viram os textos escritos a 1 5m de altura do corpo. por isso é tudo MENTIRA!