O roxo é uma cor inventada pelo nosso cérebro. Mas quererá isto dizer que não existe? Não necessariamente… No fundo, “nenhuma cor existe realmente”.
O mundo está repleto de roxo – flores, pedras preciosas de ametista, ameixas, beringelas e borboletas… tudo muito (subjetivamente) bonito.
Mas se olharmos com detalhe para a parte de luz visível do espetro eletromagnético, reparamos que essa cor (que é diferente dos tons azulados de violeta e índigo) está ausente.
Segundo explicam neurologista ouvidos pela Live Science, isso acontece porque o roxo é inventado pelo nosso cérebro. Ou seja, existe apenas devido à forma como o cérebro processa a cor.
Isso significa que o roxo não existe? Não necessariamente…
A resposta está na forma espantosa como o nosso cérebro perceciona e combina diferentes comprimentos de onda no espetro de luz visível.
“Eu diria que nenhuma cor existe realmente”, afirma Zab Johnson, diretor executivo e membro sénior da Wharton Neuroscience Initiative da Universidade da Pensilvânia.
“É tudo o processo da nossa maquinaria neural, e isso é, ao mesmo tempo, a beleza e a complexidade de tudo isto”, acrescentou.
Todas as cores começam com a luz. Quando a radiação do sol atinge a Terra, existe uma série de comprimentos de onda. Há comprimentos de onda longos, como os raios infravermelhos e as ondas de rádio, e comprimentos de onda mais curtos e de alta energia, como os raios X e os raios ultravioleta.
No meio do espetro eletromagnético encontra-se a luz visível – a luz que o nosso cérebro consegue ver – que representa apenas cerca de 0,0035% do espetro eletromagnético. É isto que percecionamos como as cores do arco-íris.
Numa extremidade do espetro estão os comprimentos de onda mais longos, que percecionamos como vermelho, e na outra estão os comprimentos de onda mais curtos, que percecionamos como índigo e violeta (mas não o roxo).

O espetro visível humano
Como é que as cores nos enganam?
A nossa perceção da cor envolve recetores especializados na parte de trás dos nossos globos oculares, chamados cones, que detetam a luz visível.
Os olhos humanos têm três tipos de cones: de onda longa, de onda média e de onda curta. Cada um é sensível a comprimentos de onda específicos.
Os cones de comprimento de onda longo recebem informações sobre a luz avermelhada, os cones de comprimento de onda médio são especializados em verde e os cones de comprimento de onda curto detetam o azul.
Quando a luz atinge os nossos globos oculares, estes três recetores recebem informações sobre a luz e os respetivos comprimentos de onda e enviam sinais elétricos para o cérebro. Depois, o cérebro pega então nessa informação e faz uma dedução média do que está a ver.
Se os cones de comprimento de onda longo e de comprimento de onda médio forem ativados, o cérebro deduz que estamos a ver laranja ou amarelo.
Por seu turno, se os cones de comprimento de onda médio e de comprimento de onda curto forem ativados, o cérebro concluirá que se trata de azul-petróleo.
E quanto ao roxo?
Como explicam os especialistas à Live Science, quando os cones de comprimento de onda curto (azul) e de comprimento de onda longo (vermelho) são estimulados, o cérebro “cria algo que, na verdade, não existe no mundo”, disse Johnson.
O vermelho e o azul estão em extremos opostos do espetro visível: Quando o cérebro encontra estes comprimentos de onda, acaba por dobrar este espetro visível linear num círculo. Por outras palavras, junta o vermelho e o azul para formar o roxo e o magenta, apesar de não ser isso que a luz está realmente a fazer.
Como resultado, o roxo e o magenta são conhecidos como cores não-espectrais, porque não existem realmente como radiação eletromagnética.
O que distingue as cores não-espectrais?
As cores não-espectrais, como o roxo, são compostas por dois comprimentos de onda de luz. Em contraste, as cores espectrais – vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e, mais importante, violeta e índigo – são feitas de apenas um comprimento de onda.
No fundo, são uma farsa.