Os bebés reborn – bonecos hiper-realistas feitos de silicone que imitam recém-nascidos – são a nova tendência do TikTok. Podem custar até quase 1500€. Mas o mais importante é mostrar que se tem um e que se é uma boa mãe (ao faz de conta).
Não chora, não faz cocó, não se mexe, não expele maus cheiros, não dá trabalho. Para quem quer se pai “ao faz de conta”, parece ser uma ótima opção.
Os nenucos são o brinquedo da moda. Quer dizer… sempre foram, mas agora também o são para os adultos.
Esta nova tendência está a levar as pessoas à loucura – particularmente no Brasil. No TikTok, há histórias de casais em processo de divórcio que estão a disputar estes bebés reborn.
Quando a ficção se começa a misturar com a realidade, já em “idade de ter juízo”, é mesmo caso caso de preocupação.
Para se ter uma noção do ridículo desta nova moda, até existe até um ‘parto’ de bebé reborn. Como explica um artigo da Deutsche Welle, a boneca vem numa numa bolsa de água que simula um útero. Até traz um cordão umbilical.
Projeto de lei contra nenucos fura-filas
A “febre” é tanta que há pessoas a levarem os nenucos ao hospital.
Como se o problema não fosse suficientemente grande, há situações em que estes bebés falsos têm prioridade nas filas.
Para combater este tipo de episódios, entrou, esta quinta-feira, na Câmara dos Deputados, no Brasil, um projeto de lei que propõe multa para quem usar bebés reborn para tentar obter qualquer tipo de benefício, prioridade ou atendimento.
O texto, de autoria do deputado federal Zacarias Calil (do partido União Brasil) e citado pelo Estadão, considera proibidos os seguintes benefícios para pessoas que tenham bebés reborn ou qualquer outro objeto similar que simule bebés:
- atendimento preferencial em postos de saúde, postos de vacinação, hospitais ou estabelecimentos similares;
- prioridade em filas, balcões de atendimento ou canais de atendimento públicos ou privados;
- utilização de lugares preferenciais nos transportes públicos urbanos ou interestaduais;
- descontos, gratificações ou outros incentivos económicos ou financeiros concedidos às pessoas responsáveis pelas crianças.
A pena para essa infração é uma multa de cinco a 20 vezes o salário mínimo (atualmente, perto de 240€) vigente na data da infração. Em caso de reincidência, a multa será aplicada a duplicar.
“Trata-se de conduta que, além de violar a boa-fé objetiva que deve reger as relações sociais e de consumo (art. 4º, III, da Lei nº 8.078/1990), sobrecarrega os serviços públicos, como unidades de saúde, retardando o atendimento de crianças que efetivamente necessitam de cuidados urgentes”, aponta o deputado.
O documento vai ser agora debatido e votado na Câmara dos Deputados e no Senado. No caso de ser aprovado, a decisão fica nas mãos do presidente da República.
“Os hospitais do Sistema Único, com toda sua precariedade já existente, precisam priorizar pessoas. Não podemos que recursos públicos sejam usados para atender objetos inanimados”, afirmou deputado federal Paulo Bilynsky, do Partido Liberal, esta quinta-feira.
O que diz a psicologia?
Um estudo publicado em 2021, no Sage Journals, por investigadores da Universidade de Toronto revelou que esta a prática de brincar e ficar apegado a nenucos em idade adulta está profundamente ligada a necessidades emocionais.
Os investigadores sugerem que brincar com bonecas na vida adulta faz parte de um caminho complexo para “satisfazer necessidades psicológicas profundas”. Essa atividade proporciona conforto, estimula a autoexploração e contribui para o bem-estar geral.
Como destaca a NSC Total, a análise ampla das motivações por trás dessa prática revelou várias camadas de significado que fazem da boneca uma “ferramenta de desenvolvimento pessoal e emocional”.