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Yellowstone tem reserva escondida de elemento fundamental para chips e reatores nucleares

Iorcel / Canva

Fonte Grand Prismatic Spring no Yellowstone National Park, EUA

Um novo estudo revelou que Yellowstone possui reservas potencialmente inexploradas de hélio ‘livre de carbono’ – fundamental para a conceção de armamento, reatores nucleares e supercondutores.

Um novo estudo, publicado no dia 5 de abril no International Geology Review, revelou que rochas antigas sob o Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, possuem reservas potencialmente inexploradas de hélio ‘livre de carbono’.

Além de Yellowstone, a investigação centrou-se noutras duas regiões – Bakreswar-Tantloi, no leste da Índia, e Rukwa Rift, no sudoeste da Tanzânia – conhecidas por emitirem gás hélio relativamente concentrado sem emissões de metano.

Como escreve a Live Science, o hélio é produzido quase exclusivamente como subproduto do gás natural (metano), porque os depósitos de gás natural retêm o hélio — mas o objetivo dos cientistas é encontrar fontes mais ecológicas para limitar o aquecimento global.

Os três locais examinados no novo estudo satisfazem a maioria dessas condições – nomeadamente por serem geotermicamente ativos, o que significa que estão em locais onde o calor do interior da Terra sobe para a superfície, levando à formação de gêiseres e fontes termais.

O calor geotérmico é necessário para a produção de hélio sem carbono, porque liberta átomos de hélio das rochas em profundidade – explicou, à Live Science, o coautor do estudo Jon Gluyas, professor de geoenergia, captura e armazenamento de carbono na Universidade de Durham, no Reino Unido.

O hélio resulta da decomposição do urânio e do tório, que leva biliões de anos, acrescentou. Os átomos permanecem presos dentro de cristais nas rochas – a menos que esses cristais sejam expostos a altas temperaturas.

“Se a temperatura for elevada acima do que se chama a temperatura de fecho do mineral específico, o hélio será libertado”, disse Gluyas.

O hélio então entra em fluidos — água ou salmoura — que fluem no espaço entre as rochas, formando eventualmente um gás que pode migrar para o subsolo e subir à superfície da Terra.

Nalguns locais, a crosta terrestre forma uma vedação que aprisiona o hélio nas falhas entre as rochas, formando assim grandes acumulações do gás.

Segundo o estudo, Yellowstone está enraizada no Cratão de Wyoming, que contém rochas com 3,5 mil milhões de anos, e as falhas nas bordas da caldeira provavelmente formam condutos para enormes quantidades de hélio.

No entanto, é improvável que exista um reservatório selado sob Yellowstone. Em vez disso, o parque nacional forma um sistema de tubos através dos quais o hélio escapa para a atmosfera.

Os cientistas dizem que, anualmente, escapam cerca de 66 toneladas de hélio, através de fontes termais e saídas de vapor.

Este estudo sugere que a produção de hélio sem carbono é possível e que a concentração de hélio no gás extraído pode ser extremamente alta.

«Há um futuro promissor para o hélio cobrir a escassez que enfrentamos atualmente», disse o autor principal Ernest Mulaya, geólogo estrutural e professor da Universidade de Dar es Salaam, na Tanzânia, à Live Science.

Segundo os investigadores, essas acumulações são extremamente valiosas, uma vez que podem ajudar a aliviar a escassez de hélio em todo o mundo.

O hélio é um componente de refrigeração essencial, por exemplo, em materiais de guerra/Defesa, reatores nucleares, supercondutores (chips) e equipamentos médicos.

Miguel Esteves, ZAP //

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