Da água para a terra? É extremamente raro: equidnas deixam paleontólogos confusos

Lyle Radford / Wikimedia

O GLP-1 também foi descoberto no veneno de equidnas

Pequeno osso encontrado há 30 anos pode mudar completamente o que sabíamos sobre a evolução de equidnas e ornitorrincos.

Os investigadores falam sobre uma mudança evolutiva “extremamente rara” que terá envolvido equidnas e ornitorrincos.

Os equidnas, mamíferos comuns na fauna australiana, são animais terrestres que vivem em tocas. Os ornitorrincos, também mamíferos e nativos da Austrália, são semi-aquáticos.

Ambos são dos últimos representantes dos mamíferos mais antigos da Terra. E, até agora, acreditava-se que tinham evoluído a partir de um antepassado terrestre.

Mas estas “relíquias” afinam terão uma origem diferente do que os cientistas pensavam.

Um novo estudo, que (re)analisou um pequeno osso encontrado há 30 anos, sugere que o antepassado das equidnas e dos ornitorrincos modernos era, afinal, um animal semi-aquático.

E os paleontólogos ficaram confusos, como resume a revista Cosmos.

Porque baleias ou golfinhos são exemplos das dezenas de mamíferos que evoluíram de animais terrestres para viverem total ou parcialmente na água – mas quase não há registos de mamíferos que evoluíram de animais aquáticos para viverem total ou parcialmente em terra.

“Estamos a falar de um mamífero semi-aquático que trocou a água por uma existência terrestre e, embora este seja um acontecimento extremamente raro, pensamos que foi o que aconteceu com os equidnas”, comenta a autora principal do estudo, Suzanne Hand.

Esta revelação chegou graças a um único osso do úmero descoberto em Victoria, Austrália, no início da década 1990; o osso úmero — o osso da parte superior do braço entre o ombro e o cotovelo — é o único osso conhecido que pertence à espécie extinta, Kryoryctes cadburyi, nomeada em 2005, lembra o EurekAlert!.

Na superfície, o osso parece ser mais de um equidna, levando alguns paleontólogos a sugerir que era um antepassado das equidnas. Outros sugerem que era um “monotremato-tronco” – um antepassado tanto das equidnas como dos ornitorrincos.

Com tomografia computorizada e outras técnicas de digitalização, os investigadores descobiram que a estrutura interna do fóssil não correspondia aos ossos leves dos equidnas modernos (o que foi uma surpresa): tem uma estrutura densa mais semelhante aos ossos de ornitorrinco.

A estrutura interna revelou que os ornitorrincos têm paredes ósseas muito espessas e uma cavidade muito reduzida no interior do osso para a medula óssea, enquanto os equidnas têm paredes ósseas muito finas.

“A microestrutura do fóssil de Kryoryctes humerus é mais parecida com a estrutura óssea interna observada nos ornitorrincos; os ossos pesados ​​atuam como lastro, permitindo-lhes mergulhar facilmente em busca de alimento. Isto também é observado noutros mamíferos semi-aquáticos”, explica Hand.

É uma descoberta que também pode ajudar a explicar porque os equidnas têm recetores elétricos altamente sensíveis na ponta do nariz — muito menos do que os ornitorrincos.

Um equidna tem os pés virados para trás, que utiliza para escavar. Um ornitorrinco tem também patas traseiras, que usa como leme enquanto nada. E os equidnas são também conhecidos por terem um reflexo de mergulho quando estão na água.

Estas características podem encaixar nesta nova hipótese científica: os dois animais terão um antepassado comum semi-aquático.

ZAP //

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