A conotação negativa da palavra “beta”, que é muitas vezes associada à fraqueza e passividade, está a suscitar piadas e brincadeiras.
A geração mais recente chegou, mas já tem uma reputação antes mesmo de os seus membros poderem sequer dizer uma palavra. A Geração Beta, nascida a partir de 1 de janeiro de 2024, segue-se à Geração Alfa e já está a suscitar um debate sobre o seu nome.
O termo “Beta” — embora pretenda ser um rótulo neutro — tem conotações que alguns consideram problemáticas. Na gíria contemporânea, “beta” é frequentemente utilizado para descrever alguém como fraco ou submisso, em contraste com a chamada personalidade “alfa”, que sugere domínio e liderança.
Nos últimos anos, com o crescimento de conteúdos “red pill”, incels e o aparecimento de personalidades da internet como Andrew Tate, alfa também se tornou um rótulo para um homem convencionalmente atraente e de alto estatuto, enquanto beta passou a se referir a um homem mais passivo.
Este uso é particularmente popular entre crianças em idade escolar e em comunidades online, onde termos como “sigma”, “alfa” e “beta” se tornaram parte do discurso quotidiano online.
O responsável pelo nome da nova geração é o investigador social e demógrafo Mark McCrindle, que também batizou a Geração Alfa. Segundo McCrindle, a designação segue o alfabeto grego de uma forma sistemática e científica, em vez de pretender descrever o caráter da geração em si.
No entanto, o termo adquiriu um peso cultural não intencional, sobretudo entre os jovens que já usam “beta” como insulto. O jovem Jordan Ackerson, já descreve a geração Beta como “cringe”. “Pelo menos eu sou Alfa”, afirmou o miúdo de 12 anos ao Wall Street Journal.
Um nome que vai desaparecer ou evoluir?
A história sugere que os rótulos geracionais evoluem à medida que os seus membros atingem a maioridade. A Geração X foi inicialmente apelidada de “geração preguiçosa” nos anos 90, para mais tarde ser reconhecida pela sua resiliência. Os Millennials, outrora ridicularizados pelo seu gosto por torradas com abacate e pelas dificuldades em comprar casa própria, são agora vistos como um grupo trabalhador.
Já a mais jovem Geração Z é agora frequentemente acusada de não querer trabalhar ou de não saber socializar. Por sua vez, a Geração Alfa não consegue escapar ao rótulo de “miúdos do iPad”.
Pais como Kelli Farrell, uma advogada de 37 anos que espera pelo seu bebé Beta em setembro, argumentam que as gerações futuras acabarão por ser definidas pelas suas realizações e não pelo seu nome.
“Com tudo o que está a acontecer com a tecnologia e os recursos que estão disponíveis para eles, há, na verdade, uma perspetiva mais positiva que podemos ter com esta geração. Espero que seja algo que eles usem a seu favor”, disse Farrell.
O casal Danny e Jill DeBold, ambos com 37 anos, também não estão preocupados com os seus gémeos Betas “As gerações costumavam receber nomes de eventos históricos. Gen Z, Gen Alpha e Beta são nomes provisórios até que algo lhes possa ser aplicado”, considera Danny DeBold.
Por enquanto, embora algumas crianças em idade escolar possam brincar com o nome Beta, o seu significado provavelmente mudará com o tempo. À medida que a Geração Beta cresce, estará nas suas mãos definir-se de forma a transcender o seu nome pouco afortunado na gíria atual.