NASA/Centro de Voo Espacial Goddard

Desculpa lá, Júpiter: Saturno deixou o seu antigo rival para trás com um novo total de 274 luas, quase o dobro de todos os outros planetas juntos.
A UAI (União Astronómica Internacional) reconheceu a descoberta feita por astrónomos de Taiwan, Canadá, EUA e França no dia 11 de março.
A equipa utilizou o CFHT (Canada-France-Hawaii Telescope) para monitorizar repetidamente o céu em torno de Saturno entre 2019 e 2021, com detalhes minuciosos, combinando várias imagens para reforçar o sinal de um objeto astronómico.
Esta fase inicial produziu 62 luas – e um número ainda maior de outros objetos que, na altura, não podiam ser designados.
“Com o conhecimento de que seriam provavelmente luas, e que provavelmente havia ainda mais à espera de serem descobertas, revisitámos os mesmos campos celestes durante três meses consecutivos em 2023”, disse o investigador principal, Dr. Edward Ashton, pós-doutorado no Instituto de Astronomia e Astrofísica da Academia Sinica.
“E efetivamente encontrámos 128 novas luas. Com base nas nossas projeções, penso que Júpiter nunca irá encurtar a distância em termo de luas“.
Altamente irregulares
Todas as 128 novas luas são “luas irregulares”, objetos capturados pelo seu planeta hospedeiro no início da história do Sistema Solar.
“Estas luas têm poucos quilómetros de tamanho e são provavelmente todas fragmentos de um número mais pequeno de luas originalmente capturadas que foram quebradas por colisões violentas, quer com outras luas saturnianas quer com cometas que passavam”, disse o Dr. Brett Gladman, professor do departamento de física e astronomia da Universidade da Colúmbia Britânica.
Um mistério no sistema irregular de luas de Saturno foi um dos principais motivadores da última pesquisa: dado o elevado número de luas pequenas em comparação com as grandes, é provável que tenha havido uma colisão algures no sistema de Saturno nos últimos 100 milhões de anos – relativamente recente em termos astronómicos.
De outra forma, diz o Dr. Gladman, mais tempo e estas luas teriam colidido umas com as outras e ficado em pedaços, o que reduziria preferencialmente a proporção de luas pequenas em relação às maiores.
De facto, a maioria das novas luas descobertas estão perto do subgrupo Mundilfari das luas de Saturno que, dado o seu tamanho, número e concentração orbital, é o local provável da colisão.
“A nossa campanha plurianual cuidadosamente planeada produziu uma panóplia de novas luas que nos dizem mais sobre a evolução da população de satélites naturais e irregulares de Saturno”, disse o Dr. Ashton.
A equipa inclui também o Dr. Mike Alexandersen do Centro de Astrofísica | Harvard & Smithsonian e o Dr. Jean-Marc Petit do Observatório de Besançon.
Acabaram-se as luas
Quanto ao que se segue para a equipa, os seus dias de observação de luas podem ter terminado, por agora.
“Com a tecnologia atual, não creio que possamos fazer muito melhor do que o que já foi feito para as luas à volta de Saturno, Úrano e Neptuno”, disse o Dr. Ashton.
// CCVAlg