Cientistas portugueses descobrem super-terra habitável a apenas 20 anos-luz

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Gabriel Pérez (IAC)

O planeta HD 20794 d na zona habitável do seu sistema solar — a chamada “zona Goldilocks”. É considerado uma “superterra” — ou, melhor dizendo, um super-Marte.

Uma equipa internacional de investigadores, que conta com a participação de vários investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, usou o espectrógrafo ESPRESSO para confirmar a existência de uma super-terra que cruza a zona habitável da estrela HD 20794, uma estrela semelhante ao Sol a apenas 20 anos-luz de distância.

Os resultados foram apresentados num artigo publicado esta terça-feira na revista Astronomy & Astrophysics.

A descoberta do planeta HD 20794 d representa um avanço significativo na busca por vida no Universo e é um excelente laboratório que irá permitir à equipa modelar e testar novas hipóteses na procura de vida no Universo, refere em comunicado o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que participou no trabalho com vários investigadores.

“O ESPRESSO continua a dar resultados incríveis. Este planeta, que orbita uma estrela vizinha e próxima do Sol, encontra-se na zona habitável e pode eventualmente ser rochoso”, explica Sérgio Sousa, investigador do IAstro e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

“Será por isso um planeta muito interessante para explorar e tentar caracterizar a sua atmosfera, de modo a perceber se poderá ter condições para albergar vida”, acrescenta o investigador.

O planeta em causa é considerado uma “superterra”, por ter uma massa maior do que a massa da Terra, e “cruza a zona habitável” da estrela HD 20794, “uma estrela semelhante ao Sol” a 20 anos-luz da Terra.

A zona habitável de uma estrela, ou “zona Goldilocks” é a região em que “as temperaturas são suficientemente amenas para que possa existir água no estado líquido à superfície de um planeta rochoso”. A água líquida é uma condição essencial para a vida tal como se conhece.

Apesar da descoberta promissora, o comunicado ressalva que o facto de um planeta estar na zona habitável da estrela “não é, por si só, garantia que haja água líquida”, assinalando que Marte “está na zona habitável do Sol”, embora não existam atualmente provas de que o planeta possa albergar vida.

A equipa de astrofísicos detetou o planeta HD 20794 d após analisar dados obtidos de medições das velocidades radiais da estrela-hospedeira feitas durante cerca de 20 anos com dois espetrógrafos instalados em dois telescópios do Observatório Europeu do Sul, no Chile.

Ambos os instrumentos “conseguem medir minúsculas variações na velocidade das estrelas, provocadas pela atração gravitacional dos planetas sobre a sua estrela-mãe”, esclarece o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

“O ESPRESSO está-nos a permitir abrir caminho para a ciência que vai ser feita com o próximo grande projeto na área: o espectrógrafo ANDES, para o ELT”, explica Nuno Cardoso Santos, líder da equipa de Sistemas Planetários do IA e Professor no Departamento de Física e Astronomia da FCUP.

“A nossa forte contribuição para o projeto ANDES, no qual a equipa do IA é responsável tanto pelos desenvolvimentos científicos como tecnológicos, irá garantir que estaremos na linha da frente de novas descobertas nesta área”, conclui o investigador.

ZAP // Lusa / IAstro

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