Uma estrela em colapso a cerca de 13.000 anos-luz de distância de nós é tão intrigante que os cientistas acreditam que ela não devia existir.
Uma estrela de neutrões foi detetada pela primeira vez há um ano pelo telescópio ASKAP. Chamaram-lhe ASKAP J1839-0756, e este astro, que fica a 13 mil anos luz do nosso planeta, está a rodar a um ritmo recorde de 6,45 horas por rotação.
Trata-se de um transiente de rádio de longo período, o nome dado a objetos compactos que emitem impulsos de ondas de rádio a um ritmo muito mais lento, conta a New Scientist.
Trata-se o primeiro transiente descoberto com um interpulso: um impulso mais fraco a meio caminho entre os impulsos principais, vindo do polo magnético oposto.
Inicialmente, acreditava-se que esta estrela pudesse ser uma anã branca que morreu. “Mas nunca vimos uma anã branca isolada a emitir impulsos de rádio e os nossos cálculos sugerem que é demasiado grande para ser uma anã branca isolada, com base nas propriedades do impulso”, explica Joshua Lee, autor do estudo publicado na Nature esta quarta feira.
Existe ainda a possibilidade de ser um magnetar, ou seja, uma estrela de neutrões com um campo magnético 10 biliões de vezes maior o que as máquinas de ressonância magnética mais fortes da Terra. Mas, a ser um magnetar, este objeto emite frequências com o período mais lento de que há registos.
“Este novo objeto está a reescrever completamente o que pensávamos saber sobre os mecanismos de emissão de rádio das estrelas de neutrões dos últimos 60 anos”, diz outra autora, Manisha Caleb.
“É definitivamente um dos objetos mais estranhos dos últimos tempos, porque não pensávamos que estas coisas existissem. Mas agora estamos a encontrá-las. Se for um magnetar, é certamente único entre a população de estrelas de neutrões”.
“Nos últimos anos, temos visto objetos que parecem atravessar esta linha da morte, mas continuam a emitir na frequência de rádio”, diz ainda. “São como estrelas zombie em que não se espera que estejam vivas, mas continuam vivas e estão a pulsar”.