O número de alojamentos em Faro triplicou em cinco anos, passando de uma dúzia de hotéis e residenciais antes de 2008, para 43 novos aposentos locais em 2013, principalmente na categoria de moradias, hostels e hospedagens.
Os últimos dados da Câmara Municipal indicam que antes de 2008, ano em que foram extintas algumas das tipologias de alojamento turístico, como por exemplo, pensões e residenciais, o concelho de Faro tinha dez hotéis e duas pousadas (da Juventude e a de Estoi).
No final de 2013, a autarquia regista 43 novos alojamentos no concelho. A maior parte desse alojamento local está classificado como moradia (28), logo seguido de estalagem (9), hostels (4) e apartamentos turísticos (2).
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, explicou que esta expansão de alojamentos locais na capital algarvia se explica com a chegada das companhias aéreas de baixo custo ao Aeroporto Internacional de Faro.
Segundo o autarca, os voos de companhias “low cost” trouxeram “muitos turistas”, principalmente famílias e casais que ficam um número médio de dormidas na cidade de 1.8%, um facto que não existia há meia dúzia de anos.
Outro factor para explicar o aumento de alojamentos locais, que se registou após entrar em vigor um decreto-lei que veio consagrar um novo regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, relaciona-se com as características específicas da cidade banhada pela Ria Formosa.
“Temos uma cidade velha lindíssima, temos uma Baixa, temos um património local, temos uma gastronomia, temos bom tempo, temos o aeroporto. Tudo isso, são características que levam a que os turistas queiram vir a Faro”, sugeriu.
Apesar do “boom” de alojamentos locais, o presidente da Câmara de Faro argumentou que o concelho tem capacidade para duplicar as camas turísticas do concelho, que hoje são 1.600.
A crescente procura de hotelaria e uma taxa de ocupação média anual “superior a 80%” leva o autarca a dizer que em Faro há uma “sobrelotação positiva” e que, por isso, há necessidade de mais hotelaria, designadamente de um ou dois hotéis de cinco estrelas, com capacidade para receber congressos.
“Não temos um hotel de dimensão para fazer um congresso para 300 pessoas e temos aqui uma universidade, que é uma instituição propícia a desenvolver esse tipo de actividades, mas quando o quer fazer, vai fazer nos concelhos à volta de Faro”, argumentou, reiterando a urgência em ter “hotéis de referência” e “com dimensão”.
O executivo da Câmara de Faro assumiu que pretende aumentar os níveis de notoriedade do concelho com o turismo e eventos culturais e garantiu que vai “apoiar os investidores privados” e que esse apoio se traduz em “desburocratizar”, “acompanhar os processos” e em “pressionar as diversas entidades para que os pareceres sejam céleres e não levem anos a serem dados”.
Turista-tipo que visita Faro é jovem, europeu, licenciado e viaja em low-cost
O turista que visita Faro chega em companhias aéreas “low cost“, tem entre 20 e 29 anos, é europeu, tem estudos universitários, ganha entre 1.000 a 2.500 euros e não gasta mais de 100 euros/dia, revela um estudo da autarquia.
Um inquérito realizado no verão deste ano a 312 pessoas que visitaram o concelho de Faro, ao qual a Lusa teve acesso, concluiu que 46% dos inquiridos se identificam como turistas, mas não passam a noite na cidade, enquanto 31% passam 24 horas em Faro.
O estudo, da responsabilidade da Câmara Municipal de Faro, revela que os turistas chegam à cidade principalmente através das companhias aéreas de baixo custo (21,4%), de comboio (19,6%), automóvel (14,4%), voo normal (13,8%), autocarro (12,2%) e carro alugado (11,9%).
A maioria dos turistas vem de países da Europa, destacando-se em primeiro lugar os de nacionalidade britânica, seguindo-se depois os portugueses, germânicos, franceses e, em quinto lugar, os espanhóis.
A faixa etária predominante é entre os 20 e 29 anos, seguidos pela faixa dos 50-59 anos e a maioria dos inquiridos tem um nível qualificado elevado, com 50% a responderem que têm grau universitário.
Os dados do inquérito indicam ainda que o rendimento mensal dos inquiridos se situa entre os 1.000 e os 2.500 euros, embora 27% não tenham respondido.
Sobre os locais que os turistas mais visitam destaca-se a Sé de Faro (20,8%), o comércio local (19,6%), as praias (15,8%) e o Museu Municipal (12,4%).
Na questão das despesas diárias, a maioria referiu que pensava gastar cerca de 50 euros/dia, embora uma parte tenha estimado gastar 100 euros.
Os turistas que chegam a Faro são principalmente quadros superiores técnicos, gerentes e profissionais liberais e, a maioria, refere que a visita foi positiva (43,9%) ou muito positiva (19,6%).
O estudo foi realizado na primeira quinzena de Agosto deste ano e os inquéritos foram feitos em três locais da cidade: posto de turismo junto ao Jardim Manuel Bívar, Estação da CP e no Cais das Portas do Mar.
/Lusa