Santa Casa vai leiloar torre que comprou por 32 milhões de euros. Nunca foi usada

A torre foi comprada pela Santa Casa por 32 milhões de euros há 16 anos, seis meses depois de ter sido adquirida por apenas 18 milhões. O edifício ficou ao abandono e vai agora a leilão.

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) anunciou a colocação em hasta pública de uma torre localizada na Avenida José Malhoa, em Lisboa, com um valor base de alienação de 10,86 milhões de euros.

Esta propriedade faz parte de um bloco adquirido há 16 anos por 32 milhões de euros e que permaneceu inutilizado. O lote inclui ainda um terreno na Calçada da Boa Hora, avaliado em 13,36 milhões de euros, e três prédios para reabilitação em Oeiras, com valor base de 782 mil euros.

Esta operação insere-se no plano de reestruturação da SCML, apresentado em julho pela equipa liderada pelo provedor Paulo de Sousa. O plano prevê uma redução de custos e a alienação de património para gerar um impacto financeiro estimado em 58,8 milhões de euros no segundo semestre de 2024. Contudo, com a segunda hasta pública marcada para janeiro de 2025, a meta dificilmente será atingida no prazo estipulado, refere o Público.

A polémica em torno do bloco de edifícios na Avenida José Malhoa remonta a 2008, quando foram adquiridos por 32 milhões de euros, apesar de terem custado 18 milhões ao vendedor seis meses antes. Em 2011, Pedro Santana Lopes, então provedor, ordenou um inquérito interno, que não revelou indícios criminais, mas levou à suspensão das obras planeadas pela gestão anterior. Desde então, o edifício continuou abandonado e degradado.

No plano social, a SCML tem mostrado progressos. Foram contratadas mais 15 camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e inaugurada a Residência Raquel Ribeiro, destinada a acolher temporariamente pessoas com mobilidade condicionada. O Hospital Ortopédico de Sant’Ana também recebeu uma nova ala com 41 camas para altas hospitalares e foi reforçada a cooperação com a Unidade Local de Saúde de Santa Maria, beneficiando 5700 utentes.

Outro destaque é o Centro de Alojamento Temporário do Grilo, que aumentou a capacidade de resposta para pessoas em situação de sem-abrigo em Lisboa, acolhendo até 90 pessoas por dia.

A alienação de património e as medidas de reestruturação, que incluem pré-reformas para trabalhadores, têm gerado escrutínio político. O Grupo Parlamentar do PS solicitou esclarecimentos sobre o impacto do plano, sublinhando a necessidade de avaliar as medidas em curso e os seus efeitos na sustentabilidade da SCML.

ZAP //

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