Rússia: “A Geórgia está a ser como a Ucrânia. Costuma acabar muito mal”

David Mdzinarishvili / EPA

Polícias feridos, manifestantes detidos, em mais um dia de protestos em várias cidades do país. Medvedev deixou aviso.

Cinco pessoas foram detidas na Geórgia, duas das quais acusadas de crimes puníveis com penas até sete anos de prisão, e pelo menos 20 polícias ficaram feridos nos protestos em várias cidades do país, incluindo Tbilissi.

Milhares de opositores pró-europeus voltaram a reunir-se no domingo junto ao parlamento da Geórgia para exigir novas eleições e a demissão do Governo, que decidiu congelar até 2028 o início das negociações de adesão à União Europeia (UE).

“Os funcionários do Departamento de Polícia de Tbilisi do Ministério do Interior apresentaram queixa contra duas pessoas por terem atacado polícias no exercício das funções oficiais e por terem provocado estragos”, declarou o Ministério do Interior da Geórgia em comunicado.

Os protestos nos três dias anteriores originaram confrontos violentos entre opositores pró-europeus e a polícia, que usaram gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os manifestantes. Pelo menos 44 pessoas foram hospitalizadas no sábado, na terceira noite de protestos. Desde o início dos protestos, na foram detidas 224 pessoas por “pequenos atos de vandalismo e resistência à polícia”.

Entretanto, a chefe de Estado pró-ocidental da Geórgia, Salome Zurabishvili, disse que a mobilização pró-europeia “não dá sinais de parar”.

Também neste domingo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou a porta “aberta” à Geórgia para retomar o caminho rumo à União Europeia.

No entanto, apontou: “Lamentamos que a liderança georgiana se tenha afastado da União Europeia e dos seus valores. A UE apoia o povo da Geórgia e a sua escolha de um futuro europeu. A porta da UE continua aberta. O regresso da Geórgia ao caminho da UE está nas mãos da liderança georgiana”.

Já chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, admitiu sanções ou outras penalizações contra o governo da Geórgia pela repressão dos protestos pró-europeus na capital do país, classificando o recurso à violência como “inaceitável”.

Dmitry Medvedev, antigo presidente da Rússia e agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, avisou: “A Geórgia está a seguir rapidamente o caminho da Ucrânia, em direção ao abismo escuro. Normalmente, este tipo de coisas acaba muito mal“.

ZAP // Lusa

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