Afinal, o gás russo pode continuar a chegar à Europa

Igor Kovalenko / EPA

Mukhtar Babayev, presidente azerbaijanês da COP29

O “acordo de troca” pode “rebatizar” o gás russo: passa a ser azerbaijanês e pode entrar no mercado europeu. A exportação russa tinha prazo de validade: dezembro deste ano. Agora, o cenário pode mudar em seu favor, e a COP29 está favorável.

É em plena cimeira do clima, na COP29, que se discute a possibilidade de o gás russo poder continuar a penetrar no mercado europeu.

De acordo com o The Telegraph, a Socar, empresa estatal de energia do Azerbaijão, pode começar como intermediária entre o gás russo e a Europa— o gás da Gazprom, a maior empresa deste tipo de Moscovo, seria rebatizado como azerbaijanês, com volumes equivalentes de gás de Baku rotulados como russos.

É este o “acordo de troca” em cima da mesa na COP. A ser aprovado, este esquema lava as mãos dos importadores europeus: o negócio do gás será feito diretamente com o Azerbaijão, e não há contacto com a Rússia. Em teoria.

De acordo com o The Telegraph, Azerbaijão possui reservas de gás significativas, mas, ao contrário da Rússia, não tem as infraestruturas necessárias para enviar quantidades substanciais diretamente para a Europa. Desta forma, o acordo também beneficia o Azerbaijão.

A exportação de gás russo para a Europa existe atualmente: o Kremlin paga anualmente 758 milhões de euros por ano à Ucrânia para, através desse país, enviar a matéria para o continente europeu. No entanto, esse acordo expira no final de 2024.

De acordo com o jornal britânico, os analistas consideram que a “troca de gás” cairia muito bem a Putin, financiando de forma indireta a guerra do Kremlin contra a Ucrânia, minando as sanções internacionais e mantendo a dependência da Europa da energia russa.

“No fim de semana passado, nós, ucranianos, enfrentámos um dos maiores ataques em massa da Rússia”, disse ao The Telegraph Svitlana Romanko, diretora da Razom We Stand, uma organização ucraniana que pede um embargo constante aos combustíveis fósseis russos.

“Estes ataques foram pagos, em grande parte, pelas exportações russas de combustíveis fósseis, alguns dos quais foram enviados para países europeus, ou embarcados em navios detidos ou segurados por europeus”.

Mas há também quem afirme, como Thierry Bros, professor do Sciences Po Paris e colaborador do Natural Gas World, que “a Europa ainda não tem capacidade, nem vontade política, para se afastar do gás russo antes de 2027“, explica: “Putin ainda tem a capacidade de criar volatilidade e fazer subir os preços”.

ZAP //

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