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No nariz de um cão, é a mecânica geométrica quem mais ordena

(dr) Envato Elements

Uma equipa de investigadores descobriu, recentemente, as propriedades físicas que causam os sulcos encontrados no nariz de muitos mamíferos.

Os narizes de alguns mamíferos, como cães e vacas, apresentam sulcos que formam vários polígonos. Recentemente, uma equipa de cientistas da Universidade de Genebra, na Suíça, debruçou-se sobre esta questão e analisou como se formam estes padrões no embrião usando técnicas de imagem 3D e simulações de computador.

Segundo o EurekAlert, a análise permitiu descobrir que é o crescimento das camadas de tecido da pele que leva à formação de cúpulas, que são mecanicamente sustentadas pelos vasos sanguíneos subjacentes.

Esta é a primeira vez que este processo morfogenético é explicado, um esforço científico que pode ajudar a explicar a formação de outras estruturas biológicas associadas aos vasos sanguíneos

A pele do nariz de muitas espécies de mamíferos apresenta uma rede de polígonos formados por sulcos que, ao reter a umidade, mantêm o nariz molhado, facilitando, entre outras muitas tarefas, a recolha de feromonas e moléculas odoríferas.

Os cientistas recolheram várias amostras de rinário de embriões de cães, vacas e furões e observaram-nas usando “microscopia de fluorescência de folha de luz”, uma técnica que permite a visualização de estruturas biológicas em três dimensões.

Nas três espécies, os investigadores descobriram que, durante a embriogénese, aparecem redes poligonais de dobras na epiderme – a camada externa da pele -, que são sistemática e exatamente sobrepostas a uma rede subjacente de vasos sanguíneos rígidos localizados na derme – a camada mais profunda da pele.

Com os dados obtidos na primeira parte da investigação, a equipa desenvolveu um modelo matemático e realizou várias simulações do crescimento do tecido.

“As nossas simulações mostram que o stress mecânico gerado pelo crescimento epidérmico excessivo está concentrado nas posições dos vasos subjacentes, que formam pontos de apoio rígidos. As camadas epidérmicas são empurradas para fora, formando cúpulas – semelhantes a arcos que se erguem contra pilares rígidos”, explicou a cientista Paule Dagenais.

Os resultados mostram que, no caso do nariz, a posição das estruturas poligonais da epiderme é imposta pela posição dos vasos sanguíneos rígidos da derme, que exercem restrições locais durante o crescimento epidérmico, levando à formação de sulcos e cúpulas em locais precisos.

“É a primeira vez que este mecanismo, a que chamamos de ‘informação posicional mecânica‘, foi descrito para explicar a formação de estruturas durante o desenvolvimento embrionário. Estamos confiantes de que esta descoberta irá ajudar a explicar a formação de outras estruturas biológicas associadas à presença de vasos sanguíneos”, rematou o líder Michel Milinkovitch.

O artigo científico foi publicado na Current Biology.

ZAP //

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