A gravidez pode provocar uma contração temporária 4% em mais de 80% da massa cinzenta do cérebro — e deixa “marcas permanentes”.
A gravidez pode provocar alterações significativas no cérebro, nomeadamente levar à sua redução.
Um estudo, publicado esta segunda-feira na Nature Neuroscience, revelou uma redução média de 4% no volume de massa cinzenta em áreas específicas do cérebro.
Os resultados sugerem que a redução da massa cinzenta durante a gravidez não implica necessariamente uma perda de funcionalidade, mas sim um afinamento dos circuitos neuronais, a fim de otimizar o processamento cerebral.
Ainda assim, algumas destas mudanças podem ser permanentes, alterando de forma duradoura a configuração cerebral da mulher.
Esse ajuste fino pode mudar o cérebro para sempre. “Muitas dessas mudanças parecem ser o que se pode pensar como gravuras permanentes no cérebro“, elucidou a líder da investigação Emily Jacobs da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, citada pela Live Science.
Como explica a mesma revista, esta diminuição é comparável à ocorrida durante a puberdade – período em que o cérebro também elimina tecido excessivo, para aumentar sua eficiência.
Não é uma coisa má!
“Por vezes, as pessoas ficam irritadas ou assustadas quando ouvem dizer que o volume de matéria cinzenta diminui durante a gravidez – do género: ‘Isso não pode ser uma coisa boa’. No entanto, esta alteração, provavelmente, reflete a afinação dos circuitos neuronais“, explicou Emily Jacobs.
No mesmo estudo, foi possível observar que a matéria branca – responsável pela transmissão de informações entre os neurónios – se tornou mais robusta durante os dois primeiros trimestres da gravidez, voltando, contudo, ao seu estado original após o nascimento.
Como escreve a Live Science, este estudo fornece uma base comparativa para entender melhor complicações que podem afetar o cérebro durante a gravidez, como a pré-eclampsia – que afeta os vasos sanguíneos do cérebro e aumenta o risco de acidente vascular cerebral e demência vascular.
Estudos recentes em neurociência já tinham mostrado que a gravidez desencadeia mudanças estruturais e funcionais positivas no cérebro, incluindo alterações na matéria cinzenta, que persistem durante anos depois do parto.
Mas o pai, sendo ou não pai biológico, se está presente, se cuida da companheira e do bebé, também passa por mudanças neurobiológicas semelhantes.