Anúncio do primeiro Centro de Atendimento Integral Especializado para Homens Vítimas de Violência Sexual na capital foi considerado “desproporcionada, frívola e perversa” pela ministra da Igualdade.
Depois de ter detetado que “muitos homens” foram vítimas de violência sexual na infância e em “ambiente chemsex” (uso de drogas durante a atividade sexual), o governo regional de Madrid anunciou a abertura do primeiro Centro de Atendimento Integral Especializado para Homens Vítimas de Violência Sexual na capital.
No entanto, o Governo socialista liderado por Pedro Sánchez parece não ter gostado da ideia: “confunde” a luta contra a violência masculina.
Em resposta, na RTVE, ao anúncio da Presidente da Comunidade de Madrid Isabel Díaz Ayuso, a Ministra da Igualdade considerou a medida “desproporcionada, frívola e perversa” com um único objetivo: “colocar as vítimas e a sociedade umas contra as outras”.
“Não podemos confundir a luta contra a violência masculina e a violência sexual com a luta contra outras formas de violência que os homens podem sofrer”, afirmou Ana Redondo em comunicado.
“Partindo do respeito absoluto por todas as vítimas de violência sexual, não se pode misturar — como Ayuso faz com absolutamente tudo — as mulheres vítimas de violência masculina e de violência sexual com outro tipo de vítimas, como homens que também podem ser vítimas de violência sexual”, sublinhou a ministra.
E justificou a posição do Governo com o facto de já haver em Madrid “centros Barnahus” que se dedicam a “proteger menores e adolescentes vítimas de violência sexual”.
Ana Redondo questionou ainda a autarca de Madrid sobre “em que medida será executado o orçamento para estes centros e o orçamento para a luta contra a violência de género e a violência sexual contra as mulheres”.
Para o principal partido da oposição, o partido de esquerda Más Madrid, o novo centro é “um escárnio” por “meter no mesmo saco” os diferentes tipos de violência sexual “enquanto corta o orçamento do Plano Integral de Igualdade”.
O Vox, de extrema-direita, apoiou a medida. “Tal como existem centros para mulheres, devem existir centros para homens”, justificou o partido.
O estabelecimento inédito, que vai contar com profissionais de psicologia, serviço social e direito, tem abertura prevista para o próximo ano, com um investimento anual de 700 mil euros com vista a “recuperação integral” dos pacientes.
“Muitos homens sofreram este tipo de violência, alguns durante a infância, razão pela qual carregam sequelas, e outros no ambiente conhecido como chemsex (uso de drogas durante a atividade sexual)”, sustentou Ayuso, à frente de Madrid desde 2019.
A capital foi pioneira neste tipo de assistência, com a criação de centro para mulheres vítimas de violência sexual em 2009 e de um Centro de Crise 24 horas, em 2023, dedicado a prestar ajuda especializada a vítimas de violência sexual 365 dias por ano.