Sahra Wagenknecht, figura icónica da esquerda radical na Alemanha, está a redefinir o espectro político, combinando políticas de esquerda com conservadorismo — que capitalizam o descontentamento com os partidos tradicionais e atraem tanto eleitores de esquerda como de direita.
Na cena política alemã, Sahra Wagenknecht, figura de longa data da esquerda radical, está a marcar a agenda política com o seu partido, o recém-formado Aliança Sahra Wagenknecht (BSW).
Este desenvolvimento surge numa altura em que a Alemanha enfrenta eleições estaduais críticas nas regiões orientais, realça o Politico.
No seu percurso político, Wagenknecht passou de membro do partido comunista da Alemanha de Leste a protagonista de uma fusão da ideologia de esquerda com posições conservadoras, desafiando o espetro político tradicional.
A ideologia de Wagenknecht, designada por “conservadorismo de esquerda“, critica a esquerda dominante, que acusa de ser dominada por “esquerdistas de estilo de vida” – urbanos abastados, centrados em questões ecológicas e sociais, vistos como impondo os seus valores aos cidadãos comuns.
Surpreendentemente, esta posição granjeou-lhe a admiração até de círculos de extrema-direita, incluindo figuras como Björn Höcke, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que elogiou a sua posição sobre as relações com a Rússia — e até a convidou a juntar-se ao AfD.
Apesar das propostas da extrema-direita, Wagenknecht conquistou um espaço único na política alemã com o BSW, obtendo resultados impressionantes nas regiões que se preparam para as próximas eleições.
Este novo partido reflete uma tendência mais ampla na Europa, em que os partidos tradicionais estão a perder terreno, e figuras como Wagenknecht estão a reivindicar novos territórios políticos, apelando aos eleitores privados de direitos.
A Alemanha de Leste, com a sua paisagem histórica e económica única, serve de ponto focal para esta mudança política. As disparidades económicas persistentes da região e os impactos duradouros do passado comunista moldam o seu clima político, que é cada vez mais divergente do da Alemanha Ocidental.
O BSW e o AfD estão a capitalizar os sentimentos de desilusão com a política dominante, com o AfD a liderar em várias eleições futuras e o BSW a ganhar força significativa.
A abordagem de Wagenknecht mistura uma crítica à imigração e às políticas neoliberais com uma defesa do Estado-providência e da soberania nacional.
Esta mistura apela aos eleitores que se sentem alienados pela globalização e pelo elitismo dos Verdes e de outros partidos tradicionais, que Wagenknecht acusa de hipocrisia e incompetência, especialmente na sua posição sobre o apoio militar à Ucrânia.
A nível internacional, são visíveis tendências muito semelhantes em figuras como Donald Trump, nos Estados Unidos, Marine Le Pen, em França, e André Ventura, em Portugal, que combinam elementos de política económica de esquerda com pontos de vista sociais conservadores para atrair amplas bases de apoio.
Wagenknecht vê a sua abordagem como o preenchimento de uma lacuna de representação para indivíduos socialmente conservadores que rejeitam o extremismo de partidos como o AfD mas se sentem abandonados pela esquerda tradicional.
No momento em que a Alemanha se aproxima destas eleições cruciais, a ascensão de Wagenknecht e do seu partido evidencia uma evolução significativa no panorama político, não apenas na Alemanha de Leste, mas potencialmente em todo o país.
A sua estratégia de abordar as preocupações das “pessoas comuns”, mantendo ao mesmo tempo uma distância das posições mais extremas da extrema-direita, ilustra uma sofisticada recalibração das alianças políticas e das ideologias.
O resultado das próximas eleições será crucial para determinar a futura direção da política alemã, especialmente quando o país se debate com questões de identidade nacional, desigualdade económica e o seu papel na cena internacional.
O sucesso ou o fracasso do “conservadorismo de esquerda” de Wagenknecht poderá redefinir os alinhamentos políticos na Alemanha, tornando as próximas eleições num termómetro da dinâmica política em mudança na Europa, salienta o Politico.
Deve ter lido os manifestos do CDU e BE de a uns anos a trás… Já se esqueceram quantas vezes pregarem para Portugal sair da UE? Chamam de extrema esquerda e eu lhes chamo de esquerda 101.
Quem escreveu isto devia estar nos copos na altura.
Desde quando essa gente que nomeia combina elementos de esquerda?
O fascismo para enganar pode até dizer coisas que parecem ser do outro lado mas na realidade é uma maneira de ocultar os seus reais objetivos. Ocupar o poder e potenciar e privilegiar as classes altas e o capital.
Isso é o capitalismo
A preocupação da comunicação social e da narrativa dominante é de rotular tudo e todos. E quem critica ou tem uma posição diferente da narrativa é logo de extremista.
Um jornalista devia primeiro que tudo perceber um mínimo sobre aquilo que escreve, se não sabe o que é esquerda ou direita vá aprender! Uma dica: Tem a ver com a verticalidade ou horizontalidade das tomadas de decisão das políticas públicas. Neste sentido uma monarquia absolutista é o que conhecemos de mais à direita e o anarquismo de mais à esquerda. Mas isso não quer dizer que um rei absolutista não possa implementar políticas normalmente reconhecidas à esquerda e que um governo anarquista não possa implementar políticas normalmente reconhecidas à direita!
É impossível uma governação ser tão horizontal que é vertical como é impossível uma governação ser tão vertical que é horizontal! Capisci?