Os Estados Unidos intercetaram esta quarta-feira uma esquadrilha de bombardeiros russos e chineses a voar próximo do espaço aéreo do perto do Alasca.
Alguns dias depois de Pequim e Moscovo terem criticado a estratégia dos EUA no Ártico, uma esquadrilha de bombardeiros russos e chineses em voo conjunto foi intercetada próximo do Alasca, estado mais setentrional dos Estados Unidos.
Os aviões militares, dois Tu-95 russos e dois H-6 chineses, não entraram no espaço aéreo dos Estados Unidos, mas passaram pela Zona de Identificação de Defesa Aérea do Alasca, informou o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte, NORAD, que enviou caças para intercetar a esquadrilha.
Um responsável anónimo da defesa norte-americana disse à CNN que foi a primeira vez que aviões dos dois países foram intercetados em conjunto.
Os aviões “não foram vistos como uma ameaça“, diz a NORAD, que irá continuar a “seguir este tipo de atividade e a responder à presença com a presença“.
A Zona de Identificação de Defesa Aérea é a região de espaço aéreo delineada pelo governo dos EUA que se estende para além do espaço aéreo territorial de 12 milhas do país, a partir da qual os aviões que chegam são obrigados a identificar-se e a cumprir medidas de segurança adicionais.
Os aviões russos têm sido regularmente intercetados nas imediações do Alasca, mas tal acontece muito raramente com aviões chineses.
O chefe do Comando Norte dos EUA, general Gregory Guillot, disse numa audição no Senado, em março, que esperava ver mais aviões chineses na região até ao final do ano. “Vi uma vontade e um desejo dos chineses de atuarem na região”, afirmou.
A maior parte destas ações, diz Gregory Guillot, é supostamente realizada sob os auspícios da investigação científica, “mas pensamos que se trata certamente de missões múltiplas, incluindo militares”.
Segundo o Business Insider, a estratégia do Pentágono para o Ártico em 2024, publicada em junho, prevê uma “colaboração crescente” entre a China e a Rússia na região.
Kathleen Hicks, vice-secretária da Defesa, disse numa conferência de imprensa na segunda-feira que os EUA têm visto “uma crescente cooperação comercial entre a China e a Rússia no Ártico”. Segundo a AFP, a China é um dos principais financiadores da exploração energética russa no Ártico”.
Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou esta semana que os EUA “fazem observações irrefletidas sobre as atividades normais da China no Ártico”.
Entretanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela TASS, criticou a estratégia norte-americana para o Ártico, afirmando que a Rússia está a tentar evitar que a região “se torne ‘um território de discórdia’ que agrava as tensões“.