Cientistas conseguiram reverter envelhecimento do fígado em ratinhos

Helmholtz Zentrum München / Ertürk lab

O fígado é um órgão do sistema digestivo, localizado na parte superior direita do abdómen. As suas principais funções são filtrar o sangue e eliminar as toxinas mas também produzir proteínas, colesterol e bílis.

Embora seja um dos órgãos mais resistentes do corpo humano, o fígado é vulnerável devido ao stress e envelhecimento, levando a doenças, cicatrizes e falência hepática.

Num novo estudo, publicado esta terça-feira no Nature Aging, os cientistas realizaram experiências com ratinhos e tecido hepático de seres humanos e identificaram a forma como o processo de envelhecimento provoca a morte de determinadas células do fígado.

No decorrer do estudo, os investigadores testaram um medicamento experimental que mostrou evidências de ser capaz de reverter o processo o processo de envelhecimento nos animais envolvidos na pesquisa.

“O nosso estudo demonstra que o envelhecimento é, pelo menos parcialmente, reversível. Nunca se é demasiado velho para melhorar“, realça a autora principal do estudo, Anna Diehl.

Segundo o Medical Xpress, os cientistas procuraram compreender como é que a doença hepática não relacionada com alcoolismo evolui para a cirrose, onde a sua formação pode levar à falência do órgão.

Através do estudo de fígados de ratinhos, foi possível identificar uma assinatura genética distinta dos fígados velhos. Em comparação com os jovens, os órgãos mais velhos tinham uma abundância de genes que eram ativados para causas a degeneração dos hepatócitos, as principais células funcionais do fígado.

“Descobrimos que o envelhecimento promove um tipo de morte celular programada nos hepatócitos chamada ferroptose, que depende do ferro. Os fatores de stress metabólico amplificam este programa de morte, aumentando os danos no fígado”, diz Diehl.

A análise do tecido hepático humano permitiu aos investigadores descobrir que os fígados diagnosticados com obesidade e doença hepática associada à disfunção metabólica (MASLD) tinham essa assinatura e que, quanto pior era a doença, mais forte era o sinal.

Os investigadores alimentaram ratinhos jovens e mais velhos com dietas que os levaram a desenvolver MASLD. De seguida, deram a metade dos animais um medicamento placebo, e Ferrostatina-1, medicamento que inibe a via de morte celular, à outra metade.

Após a investigação, os fígados dos animais a quem foi administrada Ferrostatina-1 estavam biologicamente semelhantes a fígados jovens e saudáveis — mesmo nos animais mais velhos que foram mantidos com a dieta que induziu a doença.

Por fim, a equipa analisou como o processo de ferroptose no fígado afeta a função de outros órgãos, que são frequentemente danificados à medida que a MASLD progride.

A assinatura genética foi capaz de distinguir entre corações, rins e pâncreas doentes e saudáveis, indicando que os fígados danificados amplificam o stress ferroptotico noutros tecidos.

“Mostrámos que o envelhecimento agrava a doença hepática não alcoólica ao criar stress ferropótico e que, ao reduzir este impacto, podemos inverter os danos“, conclui Diehl.

Esta descoberta é bastante promissora para os milhões de pessoas que têm algum grau de lesão hepática.

Soraia Ferreira, ZAP //

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