Uma estrela morta está a morrer outra vez

ZAP // Dall-E-2

Uma estrela morta parece estar a morrer de novo, dizem os astrónomos, que detetaram um pulsar que está a perder gradualmente a sua rotação.

Um pulsar, os restos giratórios de uma estrela que explodiu, tornando-se numa supernova, foi detetado a rodar a um ritmo comparativamente lento —  apenas uma vez em cada 54 minutos.

Isto significa que pode estar prestes a atravessar a “linha da morte”. Esta é a primeira vez que se vê uma destas estrelas morrer uma segunda vez.

Os pulsares são uma forma de estrela de neutrões, que são eles próprios os restos de uma estrela maciça que chegou ao fim da sua vida numa explosão de supernova.

O seu nome deve-se ao facto de girarem rapidamente, normalmente várias vezes por segundo, libertando feixes de radiação que parecem “pulsar” quando vistos da Terra, explica a New Scientist.

Os pulsares abrandam gradualmente ao longo do tempo, acabando por atravessar uma “linha da morte” quando a sua rotação atinge um nível suficientemente baixo  – mas tal nunca foi observado.

Agora, Manisha Caleb, investigadora da Universidade de Sidney, na Austrália, e os seus colegas dizem ter detetado um objeto chamado ASKAP J1935+214, que parece ser um pulsar que gira a uns míseros 54 minutos por rotação, o que sugere que está de facto a morrer pela segunda vez.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado esta quarta-feira na revista Nature Astronomy. “Este objeto está no cemitério das estrelas de neutrões“, diz Caleb, primeira autora do estudo.

A equipa descobriu a estrela em outubro de 2022, usando o telescópio Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP). ASKAP J1935+214 está a cerca de 16 mil anos-luz de distância e tem provavelmente 10 a 20 quilómetros de diâmetro.

Os investigadores viram a estrela exibir três estados distintos: um pulso forte com duração de dezenas de segundos, um fraco com duração de centenas de milissegundos e um modo completamente em repouso, sem pulsos.

Nenhum outro objeto que conheçamos faz isto“, diz Caleb. “Se não tivéssemos identificado estas emissões a partir do mesmo objeto, não teríamos acreditado que eram provenientes do mesmo ponto no céu. Isto sugere que algo está a mudar fisicamente no objeto, algo que não compreendemos“, afirma.

A única outra possibilidade é que o objeto seja uma anã branca magnética, que é uma estrela que não colapsou para a mesma densidade de uma estrela de neutrões.

No entanto, os investigadores nunca viram quaisquer emissões de rádio de uma anã branca magnética, pelo que Caleb diz que uma estrela de neutrões é mais provável, mesmo que não a compreendam totalmente.

“Vamos ter de rever a nossa compreensão da forma como as estrelas de neutrões evoluem”, diz ela. “Isto desafia o nosso conhecimento de 60 anos sobre a formação e evolução das estrelas de neutrões”.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.