Tal como às árvores, não se pergunta a idade a um polvo

Uma equipa de cientistas criou um guia de sobrevivência do polvo, com o intuito de minimizar o impacto da pesca nesta espécie.

Os polvos são animais com uma vida útil bastante curta, ainda que a sua esperança média de vida dependa da espécie. Normalmente, o polvo comum (Octopus vulgaris) vive entre um e dois anos, enquanto o polvo gigante do Pacífico (Enteroctopus dofleini) pode viver de três a cinco.

Sendo animais que morrem pouco depois de acasalar ou pôr ovos, e tendo em conta que as capturas duplicaram nas últimas décadas para atender às necessidades nutricionais de uma população global em crescimento, torna-se importante determinar a sua idade para garantir uma pesca sustentável, ao mesmo tempo que se protege a longevidade deste animal.

Recentemente, uma equipa de cientistas australianos desenvolveu um guia prático para o envelhecimento do polvo. Segundo o IFL Science, descreve um método preciso, fiável, económico e fácil de usar para determinar a idade e estimar a rapidez com que estes animais crescem e se reproduzem.

“Ao longo dos últimos 30 anos, vários estudos exploraram diferentes métodos para determinar a idade do polvo, mas só um pequeno número de investigadores em todo o mundo tem os conhecimentos práticos para executar estes métodos em laboratório”, diz Zoe Doubleday, ecologista marinha da UniSA.

“É fundamental que não percamos este conhecimento científico prático porque, ao determinar a sua idade, podemos compreender o impacto de diferentes taxas de pesca na população”, acrescentou.

O documento, publicado no Marine and Freshwater Research Journal, explica como usar os anéis de crescimento nos bicos e estiletes – conchas internas junto às guelras – dos polvos para validar a sua idade (como os anéis das árvores).

Os estiletes são formados em camadas que se depositam lentamente à medida que o animal envelhece. Apesar de serem uma boa forma de medir a idade, variam entre as espécies em termos de forma e de incremento, pelo que podem não ser o melhor instrumento. Tudo se complica com o facto de os anéis de crescimento do polvo se medirem em dias, e não anos.

Este guia torna-se, assim, uma ferramenta essencial na medida em que “compreender a idade de um polvo ajuda a manter a sustentabilidade da pesca”. “Se soubermos a idade de uma espécie, podemos estimar a rapidez com que crescem e se reproduzem e a quantidade que podemos capturar para manter uma pescaria sustentável”, disse a estudante de doutoramento da UniSA, Erica Durante.

Os cientistas estimam que cerca de 400 mil polvos são capturados anualmente em cerca de 90 países, um número que se prevê que aumente.

ZAP //

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