Num evento médico extraordinário, uma mulher norte-americana de 32 anos com uma condição rara, conhecida como útero didelfo ou útero duplo, deu à luz gémeos em dois dias consecutivos no início deste mês.
A quarta gravidez de Kelsey Hatcher, uma norte-americana de 32 anos residente no Alabama, foi diferente das restantes — e um caso raro na medicina.
Aos 17 anos, Kelsey foi diagnosticada com uma condição designada útero didelfo, ou útero duplo, uma anomalia uterina congénita caracterizada pela formação de dois hemiúteros e dois colos uterinos que afeta apenas 0,3% das mulheres.
Quando esta condição se manifesta, os ductos de Müller não se fundem corretamente, resultando em duas cavidades uterinas separadas, cada uma com a sua própria trompa de Falópio e ovário. Kelsey tem também dois colos do útero.
Durante esta sua última gravidez, Kelsey teve uma hemorragia e dirigiu-se ao hospital da Universidade do Alabama para fazer uma ecografia.
A análise revelou que a jovem tinha um bebé em cada útero, uma gravidez dicavitária muito rara. Segundo nota publicada no site da universidade, um caso como o de Kelsey acontece “uma vez num milhão“.
“Já tinha acompanhado antes Kelsey, na sua terceira gravidez, e sabia que tinha um útero duplo. Mas ter dois bebés, um em cada útero, foi uma verdadeira surpresa“, diz Shweta Patel, obstetra da jovem e professora na Universidade do Alabama.
A descoberta apanhou também Kelsey e a família de surpresa. “Assim que a ecografia começou a mostrar o outro, até senti falta de ar. Não havia dúvida, havia outro bebé. Nem conseguia acreditar“, diz a jovem.
Os gémeos, ambas meninas, nasceram após 20 horas de trabalho de parto. A primeira menina nasceu a 19 de dezembro, a segunda no dia 20 de dezembro.
Cada uma das bebés tinha o seu próprio útero, saco, placenta e cordão umbilical, o que lhes proporcionou espaço adicional para crescer e desenvolver-se, reduzindo o risco de nascimento prematuro ou precoce habitualmente associado a gravidezes de gémeos.
As gravidezes dicavitárias são extremamente raras, havendo poucos casos registados em todo o mundo. Em 2019, noticiou na altura a BBC, uma mulher no Bangladesh deu à luz gémeos quase um mês depois de ter tudo um menino, após descobrir que ainda estava grávida no segundo útero.