A “hipótese da era fantasma” sugere que os anos de 614 a 911 d.C. nunca ocorreram, sendo uma invenção do Papa Silvestre II e do Imperador Otto III do Sacro Império Romano, uma das mais bizarras — mas persistentes— teorias da conspiração que conhecemos.
Durante uma palestra recente sobre a Europa Medieval, Paul Sturtevant, editor da The Public Medievalist e investigador da Smithsonian Institution, foi confrontado por um membro da audiência com a chamada “hipótese da era fantasma“.
Segundo esta teoria da conspiração pseudo-histórica, todos os registos desta era são uma mentira, os factos conhecidos nunca aconteceram, e que os artefactos e manuscritos históricos que existem são falsificações.
A hipótese teve origem no livro “Das erfundene Mittelalter”, publicado pelo escritos alemão Heribert Illig em 1996 .
No seu livro, Illig sustenta que durante os reinados do Papa Silvestre II e do Imperador Otto III foram adicionados 297 anos à História.
Supostamente, os dois governantes quiseram dar significado religioso aos seus reinados, tendo criado manuscritos falsos, incluindo narrativas sobre Carlos Magno e Alfredo, o Grande.
Illig não é o único autor a afirmar que a Idade Média foi uma invenção. O matemático russo Anatoly Fomenko tem uma teoria semelhante, nota o Big Think.
Segundo Fomenko, os eventos que ocorreram na antiguidade, geralmente atribuídos a civilizações ancestrais como a grega, romana e egípcia, na realidade aconteceram durante a Idade Média — mais de mil anos mais tarde.
A hipótese de Fomenko, conhecida como “Nova Cronologia“, reconstrói as linhas do tempo históricas estabelecidas, misturando diferentes eventos e figuras históricas.
O matemático russo sustenta que os registos históricos anteriores a 1600 foram falsificados pelo Vaticano, pelo Sacro Império Romano e pela dinastia Romanov — para obscurecer a “verdadeira” história do mundo, que estaria na realidade centrado num império global chamado “Horda Russa”.
Como vimos recentemente, não faltam teorias da conspiração para explicar os problemas da Rússia, mas a Nova Cronologia de Fomenko atinge níveis de sofisticação notáveis.
Esta teoria é globalmente rejeitada pela comunidade de cientistas e historiadores, que apontam a sua inconsistência com todos dados obtidos com os métodos atualmente usados em diversas áreas para validar a ocorrência de eventos históricos.
Tal como acontece sempre com uma boa mentira, a “hipótese da era fantasma” tem uma pequena dose de verdade. Por exemplo, a maior parte dos manuscritos medievais são de facto cópias de originais perdidos, lançando dúvidas sobre os seus detalhes exatos.
Também é verdade que os calendários europeus foram revistos em várias ocasiões, nomeadamente por monges inclinados para a matemática que pretendiam acomodar datas com significado religioso.
E é verdade, como sabemos, que a História é escrita pelos vencedores.
No entanto, há uma quantidade esmagadora de evidências de várias fontes globais, incluindo técnicas científicas de datação absoluta e relativa, que confirmam a existência dos séculos disputados.
E se os manuscritos originais da Europa Medieval são escassos, não faltam documentos e artefactos da Ásia, África, Australásia e das Américas que fornecem provas irrefutáveis de que estes séculos, de facto, existiram.
Além disso, a natureza também não mente — como os registos de eventos históricos gravados em anéis de árvores e a documentação de eventos astronómicos que confirmam a linha do tempo histórica que conhecemos.
Mas os defensores da “hipótese da era fantasma” descartam todas as evidências, e, apesar da sua implausibilidade, a teoria da conspiração persiste — alimentada por uma crença emocional e pela perda de confiança nas autoridades, que cria um ciclo auto-alimentado de desinformação e revisionismo histórico.
Também existem os Terraplanistas … por isso russos com centralidade histórica na idade média é uma mentira para Soviéticos modernos, claramente … e Putinistas, claro ou deveria dizer Neo Stalinistas?