Quando o companheiro ajuda a esposa a sobreviver – mas passaram meses até ela perceber o que ele tinha passado…
A história complicada é partilhada por Marcia Trahan e o seu protagonista é o marido Andy.
Marcia conta no The Huffington Post que, já no hospital, percebeu que a sua situação era grave. Vários médicos a tratar do caso, necessidade de uma tomografia computadorizada (TAC), mistério à volta da sua condição real.
Aconteceu em 2014: ficou internada porque tinha febre de 40 graus. Na manhã seguinte desceu, na noite seguinte voltou a subir muito. Sensação estranha no peito – e com historial de embolia pulmonar.
Ao seu lado estava Andy. Muito calmo e sempre a apoiar e a aconselhar Marcia.
Estranhamente calmo e seguro: era hipocondríaco, ficava assustado facilmente, perdia a paciência ou de repente parecia ter ficado sob efeito de anestesia.
E ele já estava habituado a este cenário porque ela já tinha passado por dois “quase encontros com a morte”, em problemas graves anteriores, incluindo um cancro.
Mas ali, era ele o elemento mais saudável. Apesar das febres misteriosas de Marcia, não parecia ter medo – o que aliviava a companheira, que assim não teria de lidar com ansiedades de duas pessoas.
Marcia deixou Andy a liderar o processo. Convenceu-se a realizar a TAC, que não revelou qualquer coágulo (mas também não trouxe uma explicação para as febres misteriosas).
A febre chegou aos 41 graus e foi para os cuidados intensivos – e ninguém telefonou a Andy, que aí sim ficou furioso. No entanto, ao entrar no quarto dela, estava de novo calmo, a conversas com médicos ou enfermeiros.
Marcia começou a estranhar esta postura tranquila do companheiro.
Entretanto, a origem da sua infecção continuava a ser um mistério. Febre muito alta e perigosa à noite, acalmia de manhã. Seria um vírus, mas os médicos não sabiam qual.
Andy, que estava a liderar a situação, disse aos médicos para tratarem de Marcia de uma forma mais agressiva.
Uma semana depois, e após 48 horas mais calmas, ela foi para casa. Sem saber exactamente o que teve. Falaram apenas numa resposta do organismo a algo ainda desconhecido, que originou aquela infecção.
“Pensei que ias morrer”
Já em casa, Andy voltou a ser o “velho Andy”: ansioso, nervoso. E Marcia novamente surpreendida, porque estava a ver uma pessoa diferente da que viu no hospital.
Ele pedia várias vezes por dia para medir a temperatura dela; ficava alarmado por causa da aparente perda de peso de Marcia.
Meses depois, um diálogo revelador…
– Em que pensavas, quando eu estava no hospital?
– Pensei que provavelmente ias morrer.
Afinal, a ansiedade sempre esteve lá. Andy revelou como ficou assustado enquanto a temperatura de Marcia subia. Entrou em pânico quando soube que ela tinha ido para os cuidados intensivos; a morte passou a ser um cenário real, na cabeça dele.
Mas Andy protegeu sempre Marcia dos seus receios enquanto ela esteve doente. E, a partir do momento em que ela recuperou, ele não quis voltar ao assunto.
Hoje, Marcia fica surpreendida com ela própria: porque, na altura, acreditou mesmo que Andy estava calmo.
Agradece por ele não a ter sobrecarregado quando estava vulnerável – mas sente que deveria ter percebido a realidade assim que recuperou.
Ele escondeu o seu medo de perder a esposa.
Está ainda “imensamente comovida”, não só pela forma como ele a defendeu enquanto estava doente, mas também pelo “quão difícil deve ter sido para ele, dada a intensidade dos seus medos sobre a doença”.
“Isso demonstrou o quão altruísta ele foi — e é — porque, apesar do seu terror durante toda aquela semana, ele deu prioridade a mim e à minha recuperação”, relata hoje Marcia.