Um novo estudo, que usou um radar espacial, desvendou a existência de um gigantesco canal fluvial oculto, que liga todas as pirâmides egípcias. A fascinante descoberta pode dar respostas a um dos maiores mistérios da civilização egípcia antiga.
Uma equipa de arqueólogos espaciais liderada por Eman Ghoneim, investigadora da Universidade da Carolina do Norte, anunciou a descoberta de um canal fluvial oculto com 100 quilómetros de comprimento, que se estende de Faiyum, no sul do Egipto, até Gizé, no norte.
O canal, ligado ao ramal do Nilo conhecido como “Ramo Ahramat” (a Via das Pirâmides, em árabe), está alinhado de perto com as icónicas pirâmides da região, o que sugere haver uma relação direta da via fluvial com os locais de construção destas estruturas milenares.
A descoberta foi detalhada num artigo publicado no mês de agosto e recentemente apresentada em Leiden, na Alemanha, durante o XIII Congresso Internacional de Egiptologia.
Há bastante tempo que os investigadores colocavam a hipótese de existência de um ramo do Nilo usado para transportar os massivos blocos de pedra e a mão-de-obra necessária para construir estes túmulos monumentais. No entanto, a sua localização precisa e existência não tinham sido provadas até agora.
O Ramo Ahramat, que atualmente se encontra completamente escondido sob as areias do deserto e o solo cultivado do vale do Nilo, foi detetado usando ondas de radar capazes de penetrar a superfície da terra, uma técnica crucial para esta e outras descobertas arqueológicas recentes.
A importância desta descoberta vai além da compreensão da construção das pirâmides, oferecendo novas perspetivas sobre a organização e logística da civilização egípcia antiga.
O alinhamento do Ramo Ahramat com as pirâmides sugere que o canal terá sido usado no transporte de materiais e trabalhadores para estes locais de construção.
Segundo o El Confidencial, o achado acrescenta dados importantes às evidências já existentes sobre o Período Húmido Africano, que começou há cerca de 14.800 anos e terminou há 5.500 anos.
Este fenómeno climático levou a um aumento nos níveis de água do Nilo, permitindo que o Ramo Ahramat permanecesse navegável até à construção da Grande Pirâmide de Gizé, dedicada ao Faraó Khufu, há cerca de 4.500 anos.
A Grande Pirâmide, originalmente com 146,6 metros de altura e construída com 2,3 milhões de blocos de pedra, pesa um total de seis milhões de toneladas — o que levanta a questão de como estes blocos foram colocados.
O papel do Nilo no transporte destes materiais é agora inegável. Sem este período húmido, a localização da pirâmide provavelmente teria sido diferente.
O novo estudo revelou ainda que o Ramo Ahramat poderia ter chegado também à Grande Esfinge, envolta em controvérsia quanto à sua potencial origem natural.
A localização destes antigos ramos do Nilo terá impacto na arqueologia futura, potencialmente ajudando arqueólogos a localizar cidades e templos perdidos do Antigo Egito, cobertos por sedimentos ao longo de milénios.
Leiden não é na Alemanha, a não ser que os alemães finalmente ocuparam a Holanda (os Países Baixos). Aí também há um rio, o Reno