Uma equipa de cientistas russos que dissecou uma orca encalhada nas Ilhas do Comandante em 2020 ficou surpreendida por ter encontrado sete lontras-marinhas completamente intactas no estômago do mamífero.
A descoberta deixou os cientistas surpreendidos, uma vez que a orca estava bastante longe de casa e porque as orcas geralmente não comem lontras.
As orcas, o segundo mamífero com maior área de distribuição geográfica no planeta, logo a seguir ao ser humano, são conhecidas pelo seu gosto exigente no que diz respeito ao que levam à boca.
Normalmente, caçam peixes, golfinhos, focas, leões-marinhos, baleias e até tubarões. Qualquer que seja a presa, normalmente despedaçam a comida, devorando as partes mais ricas em nutrientes.
Os cientistas ficaram assim particularmente perplexos por ter encontrado não uma ou duas, mas sete lontras intactas no trato gastrointestinal da orca — que as deve ter engolido inteiras. Em conjunto, as lontras-marinhas pesavam uns impressionantes 109,8 kg.
Mas porquê lontras-marinhas? E porquê comê-las inteiras?
De acordo com os autores de um estudo publicado na quarta-feira na revista científica Aquatic Mammals, provavelmente a orca tinha uma condição de saúde ou foi movida pela fome.
“As dietas tradicionais das orcas podem ter diminuído, e este indivíduo estava a passar fome, ou tornou-se hábil a escolher lontras como presa fácil”, explica à Newsweek o professor de Biologia Alex Ford, que não esteve envolvido no estudo.
Em termos práticos, suspeitam os cientistas, terá sido o comportamento de caça incomum a levar a orca à sua morte. Uma das lontras-marinhas foi encontrada alojada no esófago da orca, bloqueando o seu trato respiratório, o que sugere que o mamífero marinho provavelmente morreu de asfixia, incapaz de respirar.
Segundo os autores do estudo, o golfinho-roaz, parente próximo das orcas, também é conhecidos por morrer desta forma, quando os peixes ficam presos da forma errada.
Seja qual for a causa da sua morte, esta orca estava muito longe de casa.
Uma análise de ADN revelou que o animal pertencia a um grupo bem conhecido de orcas, chamado Bigg’s Whales, que se mantém no Pacífico Oriental em torno das Ilhas Aleutas, no Golfo do Alasca e na costa da Califórnia, nota o LiveScience.
Mas esta fêmea foi encontrada do outro lado do oceano, ao longo das costas das Ilhas do Comandante, que ficam quase a 3.218 quilómetros do Golfo do Alasca. E o motivo que a levou a engolir sete lontras marinhas inteiras e nadar toda esta distância talvez nunca venha a ser completamente esclarecido.