Afinal, o que têm, Elon Musk e a jovem iraniana Mahsa Amini – morta no Irão há cerca de um ano – em comum? Ambos estão nomeados para o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2023, mas só um foi livre de pensar.
O partido de extrema-direita do Parlamento Europeu Identidade e Democracia nomeou o controverso empresário norte-americano Elon Musk para o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2023.
Para esse prémio também está nomeada a falecida jovem iraniana Mahsa Amini.
O que une as duas figuras? Apenas o facto de ambos terem pensamento… porque, quanto à parte da liberdade (a parte mais importante), esta é apenas restrita a um.
Mahsa Amini faleceu a 16 de setembro de 2022, no Teerão (capital do Irão), com apenas 21 anos, às mãos da polícia iraniana, depois de ter sido detida por não usar o véu adequadamente e violar os códigos de vestuário islâmicos.
Os pensadores (livres nem todos) nomeados
A lista de nove nomeações foi conhecida, esta quarta-feira, numa reunião das comissões dos Assuntos Externos e do Desenvolvimento e da Subcomissão dos Direitos do Homem da assembleia europeia, na qual os grupos políticos apresentaram os seus escolhidos.
Cada nomeado deve ter o apoio de pelo menos 40 eurodeputados e cada parlamentar pode apoiar apenas um nome.
O grupo político Identidade e Democracia, criado na atual legislatura da assembleia europeia que começou em 2019 e que conta com 73 membros, escolheu o bilionário Elon Musk.
Por seu lado, as maiores bancadas políticas – o Partido Popular Europeu e os Socialistas e Democratas – escolheram Mahsa Amini.
Estes partidos elegeram também as mulheres do Irão e o movimento cívico que as representa, o Movimento Mulher, Vida, Liberdade.
Igual nomeação foi feita pelo grupo parlamentar Renovar a Europa.
Já a bancada dos Conservadores e Reformistas Europeus escolheu o povo pró-europeu da Geórgia e Nino Lomjaria, antigo defensor público georgiano.
Os Verdes/Aliança Livre Europeia nomearam a ativista climática do Uganda Vanessa Nakate.
O Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde apontou as mulheres que lutam pelo aborto livre, seguro e legal, entre as quais as ativistas Justyna Wydrzyńska na Polónia, Morena Herrera de El Salvador e Colleen McNichols dos Estados Unidos.
Outros 59 eurodeputados escolheram ativistas afegãos da educação, como Marzia Amiri, Parasto Hakim e Matiullah Wesa.
E ainda outros 43 parlamentares selecionaram a advogada e ativista dos direitos humanos Vilma Núñez de Escorcia e o monsenhor Rolando José Álvarez Lagos, da Nicarágua.
Esta lista de nomeados será sucedida por uma outra mais curta, com três nomes.
O vencedor será anunciado em outubro e a cerimónia de entrega do prémio terá lugar durante a sessão plenária de dezembro, na cidade francesa de Estrasburgo.
Em 2022, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi atribuído ao povo ucraniano.
ZAP // Lusa
A que propósito esta peça afirma peremptoriamente “quanto à parte da liberdade (a parte mais importante), esta é apenas restrita a um”??
Isto é uma peça noticiosa ou um artigo de opinião?
Tiago Vasconcelos, o que não entende sobre o statement “falta de liberdade” de Mahsa Amini? Precisa de um desenho?