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Novos funcionários dos tribunais recebem o mesmo que caixas de supermercado

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“É miserável”. Apesar de cumprirem uma função especializada, novos oficiais da justiça vão receber tanto ou até menos do que caixas de supermercado. Dificuldades estendem-se aos da “velha guarda” — são precisos nove anos para ser colocado perto de casa.

Cerca de 200 oficiais de justiça vão dar entrada nos tribunais portugueses, contratados pelo Governo para colmatar o défice de pessoal.

Apesar de irem cumprir funções especializadas, a sua remuneração não o espelha — o novo ordenado pode nem chegar a atingir os 800 euros mensais líquidos (com subsídio de refeição) e não deverá ultrapassar os 869, avança o Público.

Este cenário vai-se prolongar, pelo menos, durante o primeiro ano e meio. Confirmam os sindicatos dos tribunais que só é possível atingir o próximo escalão dentro de 18 meses, apesar de a subida ser tímida — não atinge os quatro dígitos.

“É miserável”, confessa um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Escritórios e Serviços de Portugal. “E mais inaceitável ainda é ser o Estado a fazer isto”, reforça.

Em início de carreira — e caso esteja isento de pagar IRS —, um funcionário de supermercado ganha cerca de 820 euros líquidos. Ora, dos 862,84 euros do vencimento ilíquido dos novos membros dos tribunais há que descontar 11% para a Segurança Social e 3,5% para a ADSE, acrescentando ainda os 132 euros de subsídio de alimentação. Segundo as contas do blogue oficial de Justiça, são 744 euros líquidos por mês.

Haverá mesmo casos de funcionários que abandonaram a sua carreira nos tribunais para se fazer à vida nas caixas dos supermercados — porque mesmo para os funcionários de longa data, a situação é complicada.

Nove anos para ser colocado perto de casa

“Em média, um funcionário demora oito a nove anos até conseguir uma colocação perto de casa”, estima o presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça, Carlos Almeida.

Uma outra funcionária, desesperada por uma promoção, viu-se disposta a abandonar a família para ganhar um melhor salário, noutro local mas, diz ela, segundo o Público, “saiu-me o tiro pela culatra”.

Colocada numa comarca de luxo a pagar mais de 400 euros por um quarto, viver em Portimão nunca compensou, apesar da ligeira subida do salário.

Novas greves já estão agendadas, até ao fim do ano, para reivindicar um novo estatuto para estes funcionários. No final de Junho, a ministra da Justiça prometeu apresentar uma proposta formal de estatuto dentro de semanas, o que ainda não sucedeu.

ZAP //

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3 Comments

  1. Se não estão satisfeitos com as condições oferecidas pelo Estado e que os Portugueses lhes podem pagar, o melhor é mudarem de profissão, tentem a sorte no privado candidatando-se a outras ofertas de emprego.
    É o que fazem a maioria dos Portugueses.

  2. Por essas e por outras é que a quantidade e a qualidade dos servidores públicos está a degradar-se a cada dia que passa.
    Os melhores vão-se embora e trabalhar na administração pública é já a 3ª ou 4ª opção… e muitos ainda vão ao engano, porque ouviram dizer que se trabalha pouco.
    Atualmente trabalha-se muito e ganha-se pouco e não há perspectivas de futuro.

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