Desapareceram 2,5 toneladas de urânio na Líbia

A inspeção deveria ter acontecido no ano passado, mas foi adiada até esta semana. A Agência Internacial de Energia Atómica está a investigar quem poderá ter levado o urânio e para onde.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), um organismo fiscalizador da ONU, deu conta do desaparecimento de 2,5 toneladas de urânio de um local na Líbia que não está sob o controlo do Governo.

A descoberta resultou de uma inspeção que estava originalmente prevista ser feita no ano passado, mas teve de ser adiada devido aos riscos de segurança na região, tendo avançado apenas na terça-feira.

A Reuters avança que os inspetores vão agora levar a cabo “mais diligências” para entender as circunstâncias da remoção do urânio do local e onde pode estar agora.

“A perda de conhecimento sobre a localização presente do material nuclear pode representar um risco radiológico, assim como uma preocupação para a segurança nucelar”, lê-se no comunicado da AIEA.

Também não é claro quando é que o urânio desapareceu e quem o poderia ter levado. De acordo com Scott Roecker, da Iniciativa de Ameaça Nuclear, uma organização de segurança global que trabalha com questões nucleares, o urânio estava num lugar “muito remoto no sul da Líbia”.

“Se alguém está a remover este material deste local, deve realmente querê-lo“, frisa Roecker à BBC, que adianta “aproximadamente um décimo da quantidade de material” armazenado na instalação desapareceu.

No entanto, na sua forma atual, o material “não pode ser usado para uma arma nuclear”, acrescenta Roecker, que também aponta que há “um risco muito pequeno de problemas de radiação”.

Em 2003, a Líbia, ainda sob a liderança de Muammar Kadhafi, renunciou ao programa de armas nucleares que tinha lançado. O país atravessa um período de turbulência política desde o golpe em 2011 que destituiu Kadhafi, estando à espera de eleições que substituam o governo interino apoiado pela ONU que tomou posse em 2021. O sufrágio já devia ter acontecido em dezembro desse ano.