O líder dos serviços secretos ucraniano, Vadym Skibitsky, acusou a Rússia de estar a usar mísseis cruzeiro subsónicos Kh-55 ucranianos para atacar o país.
De acordo com o New York Times, esses mísseis foram fabricados pela Ucrânia na década de 70 para transportar ogivas nucleares e cedidos num acordo de paz assinado em 1994, ao abrigo do Memorando de Budapeste. Todas foram entregues à Rússia para serem desativadas em troca de garantias de segurança.
Skibitsky indicou que usar armas ucranianas é uma estratégia da Rússia. Primeiro lançam os mísseis para distrair os sistemas de defesa antiaéreos e, depois, disparam mísseis de longo alcance – mais modernos e com maior capacidade de destruição.
Um dos Kh-55 foi encontrado em outubro. A ogiva tinha sido removida e o míssil tinha sido modificado para disfarçar o facto de não estar a carregar carga útil. Em novembro foram descobertos outros dois.
Skibitsky prevê que a Rússia seja capaz de lançar até cinco novas vagas de bombardeamentos contra o território. “Segundo os nossos cálculos, eles têm mísseis para outras três ou cinco ondas de ataques. Isto se forem lançados entre 80 e 90 mísseis de cada vez”, apontou
O chefe dos serviços secretos ucraniano adiantou que as empresas russas conseguiram construir cerca de 240 mísseis cruzeiro Kh-101 e cerca de 120 mísseis cruzeiro Kalibr desde o início da guerra. A produção decorre apesar das sanções. A informação foi confirmada num relatório do Conflict Armament Research.
A 23 de novembro as forças russas lançaram um ataque aéreo em grande escala sobre a Ucrânia, que atingiu infraestruturas civis e provocou apagões em várias regiões. Dois dias depois os especialistas do grupo de investigação analisaram dois mísseis cruzeiro Kh-101 em Kiev, concluindo que um deles foi produzido entre julho e setembro deste ano e o outro entre outubro e novembro.
Os investigadores indicam que estas armas são “fortemente dependentes” de componentes produzidos por empresas nos Estados Unidos (EUA) e na Europa. A organização considerou que o “uso de armas guiadas apenas dois meses depois da sua produção pode ser sintomático de problemas de stock”.
Vendas de material eletrónico sensível à Rússia
Os EUA acusaram cinco cidadãos russos, incluindo um alegado agente dos serviços de segurança, e dois norte-americanos, de fornecerem ilegalmente à Rússia componentes eletrónicos sensíveis e munições, referiu na terça-feira o Departamento de Justiça em comunicado, citado pelo Jornal de Notícias.
Três dos suspeitos estão detidos, incluindo um que aguarda extradição desde a Estónia, e quatro em liberdade. Segundo a acusação, os sete trabalharam durante cinco anos para duas empresas russas “dirigidas pelos serviços de informações” daquele país. Entre eles está Vadim Konoshchenok, um alegado oficial dos serviços de segurança da Rússia.
Estes compraram componentes com provável uso militar e, portanto, sujeitos a regulamentações estritas, e exportaram-nos ilegalmente para a Rússia, utilizando empresas de fachada e uma infinidade de contas bancárias. A mercadoria terá transitado pela Estónia, Finlândia, Alemanha e Hong Kong.
Em março, as duas empresas foram alvo de sanções pelos EUA.
Em outubro, Konoshchenok tentou cruzar a fronteira entre a Estónia e a Rússia com 35 tipos de semicondutores e milhares de cartuchos para armas de assalto. Já em novembro, foi novamente impedido de entrar na Rússia com munição tática, tendo sido detido em 06 de dezembro pelas autoridades da Estónia a pedido dos EUA.
Os sete suspeitos estão acusados de fraude, associação criminosa, contrabando, lavagem de dinheiro e violação de sanções internacionais, podendo ser condenados até 30 anos de prisão.
Guerra na Ucrânia
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