Numa floresta no Minnesota, nos Estados Unidos (EUA), os pinheiros vermelhos e brancos elevam-se a 30 metros acima do chão. Isto porque, devido a um erro de topografia, nenhum machado alguma vez tocou nas árvores deste bosque.
A “Lost Forty Scientific and Natural Area” tem 0,58 quilómetros quadrados.
Ainda assim, é uma parte facilmente esquecida da Floresta Nacional de Chippewa, que se estende por 2.700 quilómetros quadrados, no centro do Minnesota, como notou um artigo do Big Think.
Nos anos 1820, quando os europeus-americanos chegaram ao que é hoje o Minnesota, encontraram cerca de 80.000 quilómetros quadrados de pradaria e 120.000 quilómetros quadrados de floresta.
Dois séculos mais tarde, ambos os ecossistemas foram, em grande parte, esgotados. Atualmente, existem menos de 400 quilómetros de pradaria e 73.000 quilómetros de floresta.
E os bosques de hoje são diferentes – além de mais jovens, deixaram de ter os pinheiros originais da zona, que foram cortados e, em grande parte, substituídos por espécies de aspens e de bétulas.
O pinho branco era especialmente procurado durante o ‘boom’ da madeira, nos anos 1840. As duas décadas que acompanharam a viragem do século XX foram a idade de ouro da madeira no Minnesota. Em qualquer altura, 20.000 lenhadores estavam a trabalhar na floresta, outros 20.000 nas serrações e outros 20.000 em indústrias relacionadas com a madeira.
A produção atingiu o seu pico no ano 1900, com mais de 2,3 mil milhões de árvores cortadas, proveniente das florestas do Estado. Isto foi suficiente para construir 600.000 casas de dois andares ou passeios com de 2,7 metros de largura.
Em 1910, as madeireiras começaram a avançar para o Noroeste do Pacífico e outros locais. A era de ouro do Minnesota chegou ao fim com o encerramento da Virginia and Rainy Lake Lumber Company, em 1929. Nessa altura, um século de exploração no Estado tinha levado ao corte de 68 mil milhões de árvores.
Mas ouve um pedaço de terra que se salvou, graças a um erro topográfico. Em 1882, o Public Land Survey estava a medir, a cartografar e a quantificar a natureza do norte de Minnesota.
Partindo da povoação de Grand Rapids, Josias Redgate King liderou uma equipa de três homens para o interior do bosque.
A função da equipa era traçar a área entre os lagos Moose e Coddington. Talvez devido ao mau tempo de novembro, ao terreno pantanoso, ou a ambos, houve um erro de medição. O levantamento estende-se meio quilómetro mais para noroeste do lago Coddington do que realmente existe.
Nos mapas, a “Lost Forty Scientific and Natural Area” aparecia como um terreno por “baixo da água”, sendo, portanto, excluída das considerações das empresas madeireiras. Só em 1960 é que a área foi inspecionada novamente e o erro corrigido.
A perda para os madeireiros foi um ganho para a natureza. Os pinheiros mais antigos desta zona têm entre 300 e 400 anos, perto do seu período de vida natural máximo, que é de até 500 anos. Pinheiros semelhantes noutras partes da Floresta Nacional são cortados entre 80 e 150 anos para produção de polpa e de madeira.
Os pinheiros da “Lost Forty Scientific and Natural Area” têm um diâmetro entre 55 a 122 centímetros e uma circunferência de 2,9 metros. Com a sua casca escarpada, troncos maciços e altura vertiginosa, estas árvores parecem-se com os seres antigos que são.