Imagens inéditas mostram uma espécie de “estratégia social” dos polvos. Abelhas também realizam actividades só por prazer.
Nunca visto: polvos a atirarem conchas e jactos de água uns aos outros, só por brincadeira.
Já tínhamos visto chimpazés, elefantes ou ursos polares a atirarem objectos, por diversão. Polvos, nunca.
Pela primeira vez, um vídeo mostra polvos a brincarem dessa forma – não estavam em qualquer confronto, ou a defender-se de outros animais.
Estas filmagens na Austrália já foram realizadas em 2015 e 2016 mas só foram partilhadas na semana passada, na revista científica Plos One.
A câmara de filmar ficava 24 horas seguidas num determinado local – em vários dias – e assim captou 102 momentos de brincadeira envolvendo arremesso de atritospelos Octopus tetricus.
E na maioria das vezes (praticamente dois terços dos casos), eram as fêmeas quem estavam a brincar.
Praticamente metade das brincadeiras eram entre polvos – com tentativas de acasalamento pelo meio, também – ficando a outra metade para polvos a interagirem com outros animais.
Conchas, iodo, algas, jactos de água, restos de refeições… Tudo servia. E os cientistas não sabem explicar ao certo o que origina estas atitudes. Admitem que deverá ser uma “estratégia social”.
Depois há outra questão: a percentagem de acerto. Se fossem jogadores de basquetebol, seriam sempre suplentes não utilizados: só acertaram noutros polvos em 17% dos lançamentos.
Mas, admite a equipa, o arremesso pode não ter um alvo, muitas vezes. O objecto pode ser atirado só para o ar (ou para a água, neste caso).
Abelhas também brincam
Por coincidência, poucos dias antes desta publicação, foi partilhada na revista Animal Behaviour um estudo sobre abelhas – que também brincam, ao que parece.
Os especialistas verificaram que as abelhas gostavam de empurrar bolas de madeira. E sem qualquer recompensa por isso, ou sem precisarem das bolas para uma construção. Era a sua brincadeira.
45 abelhas estiveram numa zona com 18 bolas de madeira coloridas. Para chegarem ao alimento, as abelhas não precisavam de tocar nas bolas; mas a maioria preferia brincar com as bolas que estavam soltas (algumas fizeram isso 44 vezes num dia).
A experiência decorreu ao longo de 18 dias, com as abelhas a estarem próximas das bolas durante três horas por dia.
Aqui, ao contrário dos polvos, foram os machos a empurrar bolas durante mais tempo.
“Isto mostra que as abelhas não são pequenos robôs que se limitam a responder a estímulos… De facto, realizam actividades que podem ser aprazíveis”, contou Samadi Galpayage, líder do estudo e investigadora na Universidade Queen Mary de Londres.