O vírus sincicial respiratório (VSR) está a afetar mais cedo as crianças em Portugal, à semelhança do que está a acontecer nos Estados Unidos (EUA) e em países da América Latina.
Como noticiou na terça-feira o ZAP, uma “tripledemia” – que combina os vírus do covid-19, o influenza A e o VSR – está a alastrar e a lotar os hospitais norte-americanos, bem como unidades pediátricas em países como a Argentina, o Chile, o Uruguai e o Brasil.
Segundo avançou esta quarta-feira o Público, havia na terça-feira pelo menos 35 crianças internadas com o VSR em Portugal, situação que está a preocupar os pediatras por ocorrer antes dos períodos habituais, com um maior número de casos que necessitam de internamento.
“Tem havido alguma pressão nos hospitais porque, ao aparecer mais cedo, este vírus atingiu mais crianças e a capacidade de internamentos esgota-se, principalmente quando é uma coisa não expectável”, referiu o pediatra Fernando Chaves. O VSR, continuou, é um vírus que normalmente começa e novembro e acaba em março.
E continuou: “o que se reparou nos dois últimos anos é que o vírus perdeu alguma da sazonalidade e começou a aparecer antes do seu tempo. Também o vírus da gripe, que é sazonal, apareceu durante o verão. Esta alteração da sazonalidade foi causada pela pressão exercida por um vírus que foi dominante, o SARS-CoV-2. E agora que há alguma quebra da covid-19 os outros começam a aparecer”.
Desde outubro de 2021, foram reportados 285 casos de internamento por VSR em Portugal: 42% tinham menos de três meses; 15% ocorreram em bebés pré-termo e 14% tinham baixo peso ao nascer, segundo o boletim de vigilância da gripe e de outras doenças respiratórias, elaborado semanalmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa).
Em outubro deste ano, 41 crianças precisaram de cuidados hospitalares.
A diretora do serviço de pediatria do São João, Eunice Trindade, disse que o hospital recebeu 29 crianças com infeções respiratórias em outubro, cinco com VSR e o resto com outros vírus. A responsável notou que o seu serviço também tem assistido a um aumento de casos de adenovírus, rinovírus, vírus da gripe e “alguma covid-19”.
Alberto Caldas Afonso referiu que no Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN) têm sido registados internamentos que superam os picos das infeções respiratórias de anos anteriores e que o centro está “com as hospitalizações nos limites”. O médico explicou que nos anos de pandemia foram detetadas menos infeções com estes vírus respiratórios por causa do confinamento e do fecho dos infantários, creches e escolas.