Relatório sugere que coronavírus pode ter saído de laboratório nos EUA

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A revista científica The Lancet publicou um relatório que sugere que o coronavírus pode ter saído de um laboratório nos Estados Unidos.

Um relatório publicado esta quinta-feira pela revista científica The Lancet lança a hipótese de o SARS-CoV-2, o coronavírus causador da covid-19, ter saído de um laboratório nos Estados Unidos da América.

O artigo, que será apresentado esta sexta-feira, resulta de uma investigação de dois anos realizada por uma comissão criada para identificar lições para o futuro a retirar da pandemia.

Tantos os autores do relatório como a revista científica estão a ser altamente criticados. Em comunicado, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que “há várias omissões e interpretações erróneas importantes”.

O relatório considera “possível” que o vírus SARS-CoV-2 tenha tido origens naturais ou que tenha saído de laboratórios biológicos. Embora aponte o Instituto de Virologia de Wuhan como o principal suspeito, salienta que a origem pode ser outra.

Os autores do relatório escrevem que “ainda não houve investigadores independentes a investigar” os laboratórios nos Estados Unidos. Além disso, realça que o Instituto norte-americano de Saúde tem “resistido a divulgar detalhes” sobre o trabalho realizado.

A comissão responsável pelo relatório é liderada pelo economista Jeffrey Sachs, que já gerou polémica devido às suas opiniões relativamente à pandemia de covid-19.

No passado, Sachs já tinha sugerido a hipótese de a pandemia ter tido origem nos EUA. O economista disse estar “bastante convencido” de que o coronavírus “veio de um laboratório norte-americano de biotecnologia, não da natureza”.

Especialistas citados pelo The Telegraph disseram que as ações de Sachs ofuscaram grande parte dos estudos e recomendações contidas no relatório de 58 páginas e criticaram o The Lancet por resistir aos pedidos para removê-lo.

“Este pode ser um dos momentos mais vergonhosos do Lancet em relação ao seu papel como administrador e líder na comunicação de descobertas cruciais sobre ciência e medicina”, disse Angela Rasmussen, virologista da Vaccine and Infectious Disease Organization, no Canadá, citada pelo jornal britânico.

A perita diz-se ainda “bastante chocada com a forma flagrante” com que o relatório ignora as principais evidências sobre as origens da covid-19.

“É verdade que temos detalhes para entender na teoria da origem natural, como, por exemplo, as espécies intermediárias que estão envolvidas, mas isso não significa que haja… qualquer base para a especulação leviana de que os laboratórios dos Estados Unidos estão envolvidos”, disse também David Robertson, do Centro de Investigação em Vírus da Universidade de Glasgow, ao Telegraph.

Daniel Costa, ZAP //

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