“Tiroteio na escola é falso”. Rei das conspirações paga 4,1 milhões por divulgar fakenews

Alex Jones, fundador do Infowars — site famoso por disseminar teorias da conspiração — foi condenado a pagar 4,1 milhões de dólares em danos, após ter alegado que o massacre numa escola em 2012 tinha sido uma farsa fabricada pelo governo americano.

Os pais de uma das vítimas do ataque de 2012 na Sandy Hook Elementary School tinham apresentado um processo contra Alex Jones, fundador do Infowars, no qual pediam uma indemnização de 150 milhões de dólares por difamação.

Os autores do processo alegam ter sofrido assédio e dor emocional por causa das informações falsas espalhadas por Jones.

Em 2012, vinte crianças e seis adultos foram mortos a tiro na escola Sandy Hook Elementary School, em Connecticut.

Um júri da cidade de Austin, no Estado do Texas, onde decorreu o julgamento, estipulou esta quinta-feira os danos compensatórios — e ainda vai pronunciar-se sobre punições adicionais a  Jones.

Alex Jones — que não se encontrava no tribunal quando o veredicto foi anunciado — argumentou diversas vezes que o massacre foi uma farsa organizada pelo governo para limitar os direitos de propriedade e porte de armas dos americanos, e que os pais das crianças mortas eram “atores”.

Jones já tinha perdido diversos processos de difamação intentados por pais de outras vítimas, mas este é o primeiro caso em que a indemnização por danos financeiros foi estipulada por um júri.

Em 2019, um tribunal do Wisconsin tinha já condenado James Fetzer, professor universitário reformado, a indemnizar em 450 mil dólares o pai de uma das crianças que morreu no tiroteio de Sandy Hook — também por afirmar, num livro, que o massacre nunca ocorreu.

O atual processo foi intentado por Scarlett Lewis e Neil Heslin, pais de Jesse Lewis, de seis anos, que morreu no massacre na escola.

Apesar de ter retratado as suas alegações sobre o massacre em Sandy Hook, Jones continuou a usar o seu site para atacar os jurados e o juiz do caso.

Jones alega também que está falido, apesar de evidências de que as suas empresas faturam cerca de 800 mil dólares por dia a vender suplementos dietéticos, armas e equipamentos de sobrevivência.

Durante um julgamento tenso, que durou duas semanas, Jones tratou o processo como se fosse um ataque aos seus direitos de liberdade de expressão, garantidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

“A expressão é livre, mas as mentiras têm que ser punidas“, responderam os advogados da família nas suas alegações iniciais.

No seu depoimento, esta quarta-feira, Jones reconheceu que o ataque de Sandy Hook foi “100% real” e pediu desculpa por ter “ferido os sentimentos destas pessoas”.

Jesse era real… eu sou uma mãe real“, disse-lhe a mãe da vítima, Scarlett, em pleno tribunal. “É inconcebível que tenhamos que fazer isto, que tenhamos que implorar — não apenas implorar, mas puni-lo — para o fazer parar de mentir. É surreal o que está a acontecer aqui”.

Neil Heslini acusa Jones de ter “manchado a honra e o legado” do filho com as suas mentiras, acrescentando ele enfrentou quase 10 anos de “inferno” desde o ataque.

Os pais da criança foram forçados a contratar segurança privada para o julgamento, com receio de que os seguidores de Jones pudessem tentar atacá-los.

Entre outras teorias da conspiração que divulga no seu site, Alex Jones sustenta que o governo dos EUA está a criar enchentes e tornados como “armas climáticas” e que produtos químicos na água potável estão a tornar os sapos homossexuais.

Em 2013, a escola cujo massacre fez Obama chorar foi demolida.

ZAP // BBC

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