Investigadores preocuparam-se em evitar eventuais preconceitos raciais que já tinham sido perpetuados por tecnologias anteriores.
O cenário distópico antecipado pela novela “Minority Report“, de Philip K. Dick, e levado ao cinema em 2002 por Steven Spielberg, está mais perto de se tornar realidade.
Uma tecnologia de Inteligência Artificial (IA) é capaz de prever a localização e a taxa de criminalidade de uma cidade com uma semana de antecedência e com até 90% de precisão.
Ishanu Chattopadhyay, investigador da Universidade de Chicago e os seus colegas criaram um modelo que analisou dados históricos de crimes de Chicago, Illinois, desde 2014 até ao final de 2016, tendo depois previsto os níveis de criminalidade para as semanas que se seguiram a este período de formação.
O modelo previu a probabilidade de ocorrência de determinados crimes em toda a cidade, que foi dividida em bairros para efeito de estudo, com uma semana de antecedência, com uma precisão de até 90%, pode ler-se no artigo publicado na revista científica Nature. Foi também treinado e testado com dados de outras sete grandes cidades dos EUA, com níveis de desempenho igualmente semelhante.
Segundo a New Scientst, os criadores da tecnologia pretendem com este método colocar fim a preconceitos racistas perpetrados no policiamento humano — e expor esses preconceitos.
Os esforços anteriores de utilização de IA para prever o crime foram controversos, com queixas de que os modelos dessem continuidade aos preconceitos existentes. Nos últimos anos, o Departamento de Polícia de Chicago testou um algoritmo que criou uma lista de pessoas consideradas em maior risco de estarem envolvidas num tiroteio, seja como vítima ou como perpetrador.
Os detalhes do algoritmo e da lista foram inicialmente mantidos em segredo, mas quando a lista foi divulgada, verificou-se que 56% dos homens negros da cidade com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos a integravam.
Chattopadhyay admite que os dados utilizados pelo seu modelo também serão tendenciosos, mas diz que foram feitos esforços para reduzir o efeito de enviesamento e que a IA não identifica suspeitos, apenas potenciais locais de crime. “Não é um relatório minoritário”, ressalva ele. “Os recursos para a aplicação da lei não são infinitos. Por isso, quer utilizar isso de forma ótima. Seria fantástico se pudêssemos saber onde os homicídios vão acontecer”, diz ele.
Chattopadhyay diz que as previsões da IA poderiam ser usadas com mais segurança para ajudar a definir políticas de segurança a um nível elevado, em vez de serem usadas diretamente para atribuir recursos policiais. O cientista também divulgou publicamente os dados e algoritmo utilizados no estudo, para que outros investigadores possam investigar os resultados.
Os investigadores também utilizaram os dados para procurar áreas onde o preconceito está a afetar o policiamento feito pelos agentes. Para tal, os investigadores analisaram o número de detenções na sequência de crimes em bairros de Chicago com diferentes níveis socioeconómicos. Isto mostrou que crimes em áreas mais ricas resultaram em mais detenções do que em áreas mais pobres, sugerindo um enviesamento na resposta da polícia.
Lawrence Sherman do Cambridge Centre for Evidence-Based Policing, Reino Unido, afirmou estar preocupado com a inclusão de dados reactivos e proactivos de policiamento no estudo, ou crimes que tendem a ser registados porque as pessoas os denunciam e crimes que tendem a ser registados porque a polícia sai à procura deles.
Este último tipo de dados é muito susceptível de ser tendencioso, diz ele. “Pode estar a reflectir discriminação intencional por parte da polícia em certas áreas”, diz ele.
Será?
Tretas para vender jornais e fazer papers.
Enfim, tanto problema real para resolver e andam a perder tempo e $$$ com estas coisas.
Square tanto é praça como quadrado, e neste caso não me parece que o modelo tenha dividido a cidade em praças de 300 metros de largura…