Com 96 anos, a rainha Isabel II começou a atribuir mais responsabilidades ao príncipe herdeiro Carlos, mas sem abdicar formalmente do trono.
A monarquia britânica entrou agora, nos últimos meses, numa fase de transição, tendo em conta o peso evidente da rainha Isabel II.
Isabel II já cumpriu 70 anos no trono — é a primeira monarca britânica a completar o Jubileu de Platina, um marco histórico para o Reino Unido.
A ascensão aconteceu em 1952, com a morte prematura do pai, Jorge VI, que por sua vez chegou ao trono britânico porque o irmão Eduardo VIII abdicou para se casar com a norte-americana, duas vezes divorciada, Wallis Simpson.
Desde que subiu ao trono, o Reino Unido já teve 14 primeiros-ministros, os Estados Unidos elegeram 13 Presidentes e pelo Vaticano passaram sete Papas.
Monarcas europeus em Espanha, na Bélgica ou nos Países Baixos renunciaram a favor do herdeiros, mas não é exatamente isso que está a acontecer no Reino Unido.
De acordo com o jornalista Robert Jobson, especialista em questões relacionadas com a monarquia inglesa, o que está a acontecer é uma “transição constitucional não oficial”, em que a rainha permanece como chefe de Estado, mas o príncipe Carlos assume mais deveres públicos importantes.
Entre o Remembrance Day, a cimeira climática promovida pela ONU (COP26), a cerimónia da Commonwealth, a missa de Páscoa e a abertura oficial do parlamento britânico, o príncipe Carlos tem representado a monarca em vários eventos, nos últimos meses, segundo o Jornal de Notícias.
“Não é uma regência, mas o herdeiro está a assumir funções, que já fazia com visitas de Estado ao estrangeiro há alguns anos”, explicou Jobson.
Pode ser declarada uma regência quando se considera que o monarca está mentalmente incapaz, mas a rainha britânica está está lúcida e expressou em fevereiro, para marcar os 70 anos desde a ascensão ao trono, o “desejo sincero” que a nora, Camilla, seja chamada de “rainha consorte” quando o filho for coroado rei.
Camilla Parker Bowles manteve uma relação extraconjugal com Carlos, antes de se casar com ele em segundas núpcias, em 2005. A questão do título foi sendo adiada, devido ao afeto popular pela primeira esposa do príncipe, a princesa Diana.
Quando a monarca expressou o seu desejo, durante o Discurso da Rainha, na cerimónia de abertura do parlamento, quando é apresentado o programa legislativo do Governo, os especialistas consideraram um acontecimento chave.
“Enquanto a rainha assistia pela televisão ao filho mais velho a apresentar os objetivos do Governo, deve ter sentido que a monarquia está em boas mãos“, escreveu o repórter fotográfico Arthur Edwards no jornal The Sun, no qual acompanha a família real desde 1977.
Ao mesmo tempo, o repórter ironizou que “o príncipe teve o que deve ser o estágio mais longo para qualquer trabalho”.
Ed Owens, historiador, acredita que está em curso uma “abdicação em câmara lenta”, com o aproximar do fim da era isabelina, escreveu no jornal The Guardian.
Nos próximos meses, eventualmente anos, “podemos esperar ver cada vez mais o príncipe Carlos e cada vez menos a rainha, à medida que um reinado chega ao fim e um novo reinado começa”, conclui o historiador.
Que figurinhas….