Uma equipa de investigadores da Universidade de Nice, em França, acaba de fazer um avanço significativo no diagnóstico precoce do cancro invasivo.
Num estudo publicado na revista PLoS ONE, a equipa mostra ser possível detectar, nos pacientes em risco de desenvolver cancro de pulmão, os primeiros sinais sob a forma de células cancerosas circulantes vários meses antes (em alguns casos, vários anos antes) que a doença se torne detectável pelo scanner.
Estudos em animais mostraram claramente que os tumores invasivos espalham células cancerosas no sangue desde as primeiras etapas da sua formação, mesmo antes de os tumores serem detectados por exame de imagem.
A possibilidade de identificar essas células “sentinelas” é considerada um trunfo importante na corrida contra-relógio para detectar e, assim, tratar o cancro precocemente.
As células tumorais circulantes são extremamente raras no sangue, muito heterogéneas e frágeis, sendo difícil removê-las sem perda.
A equipa de investigadores, liderada por Paul Hofman, usou um teste que isola do sangue todos os tipos de células tumorais sem perda e deixando-as intactos.
Foi estudado um grupo de 245 pessoas sem cancro, incluindo 168 pacientes em risco de desenvolver cancro de pulmão, posteriormente, por serem portadores de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC).
Os participantes foram submetidos a exame de sangue de rotina e exames de imagem convencionais.
Através do exame de sangue, as células cancerosas circulantes foram identificados em cinco pacientes (três por cento), enquanto a imagem não revelou qualquer nódulo pulmonar.
Nestes cinco pacientes foi detectado um nódulo entre um a quatro anos após a identificação, por meio do teste sanguíneo, de células tumorais circulantes por meio do teste de sangue.
Foram imediatamente operados e a análise realizada no nódulo confirmou o diagnóstico de cancro de pulmão.
Um ano após a cirurgia não houve qualquer recidiva em nenhum dos cinco pacientes, aumentando a esperança de que o cancro tinha sido erradicado.
Paralelamente, nenhum módulo foi detectado nas pessoas que não apresentaram células circulantes.
Este alerta pode desempenhar um papel-chave na precocidade da cirurgia, visando assim uma erradicação precoce da localização primitiva do cancro.