Presidente do Parlamento Europeu defende “embargo total” ao petróleo, gás e carvão russo

2

European Union / Patrick Mascart / Flickr

Roberta Metsola, candidata a presidente do Parlamento Europeu

Maltesa lamentou que a UE tenha “ignorado todos os sinais” e se tenha tornado “demasiado dependente do Kremlin” devido à dependência energética europeia.

A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, defende um “embargo total” pela União Europeia (UE) ao petróleo, gás e carvão russo, devido à guerra na Ucrânia, considerando que o apoio europeu a Kiev “ainda não é suficiente”.

“Fomos a primeira instituição a começar a falar sobre um levantamento dos bancos russos [a sancionar] e depois, é claro, chegando ao ponto de dizer que precisamos de avançar com um embargo total ao petróleo, gás e carvão”, vinca Roberta Metsola, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.

Prestes a completar 100 dias no cargo, a presidente do Parlamento Europeu salienta à Lusa que “a democracia não tem preço”, criticando que a UE tenha “ignorado todos os sinais” e se tenha tornado “demasiado dependente do Kremlin” devido à dependência energética europeia face aos fornecedores russos.

“O que já fizemos [em termos de sanções aprovadas contra Moscovo] está a aproximar-se bastante de um embargo total ao carvão e o petróleo é uma situação diferente no sentido de como o fazemos”, afirma Roberta Metsola, quando questionada se a UE está em condições de avançar com esse veto.

Por seu lado, “quando olhamos para a dependência do gás russo, cada país [europeu] tem a sua própria realidade individual e precisamos de reconhecer isso, mas a menos que digamos que o objectivo final tem de ser a dependência zero da Rússia em relação ao gás, então nunca o conseguiremos”, adverte a presidente da assembleia europeia.

E vinca: “Agora é o momento de o dizer porque já ficou provado […] que, neste momento, não se pode ter um interlocutor como a Rússia”.

Em meados de abril, o Conselho da UE adoptou o quinto pacote de sanções à Rússia pela sua contínua agressão militar contra a Ucrânia e “atrocidades” cometidas pelo exército russo, que incluiu a proibição de importação de carvão e novas limitações aos bancos russos.

A aprovação surgiu após a Comissão Europeia ter proposto uma proibição de importação pela UE de carvão russo, que vale à Rússia quatro mil milhões de euros por ano, e de ter admitido sanções adicionais a serem tomadas, incluindo sobre importações de petróleo.

A Rússia é responsável por cerca de 45% das importações de gás da UE, bem como por cerca de 25% das importações de petróleo e por 45% das importações de carvão europeias.

Em média, na UE, os combustíveis fósseis (como gás e petróleo) têm um peso de 35%, contra 39% das energias renováveis, mas isso não acontece em todos os Estados-membros, dadas as diferenças entre o cabaz energético de cada um dos 27 Estados-membros, com alguns mais dependentes do que outros.

“A Ucrânia está essencialmente a combater a nossa guerra, está a combater uma invasão brutal de um país que tem um regime autocrático e que decidiu questionar a integridade territorial e a soberania de um país que olha para a Europa como a sua casa […] e, portanto, se não nos esquecermos disso, então o nosso apoio à Ucrânia pode continuar a ser tão forte como unido, tão vocal e tão corajoso como tem sido até agora”, diz ainda Roberta Metsola à Lusa.

Após ter estado em Kiev no final de Março para se reunir com dirigentes ucranianos, a primeira líder de uma instituição europeia a fazê-lo, a responsável admite que a resposta dada pela UE “absolutamente que não é suficiente”.

Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024. Aos 43 anos, é a presidente mais jovem do Parlamento Europeu, após ter chegado a eurodeputada em 2013, pelo Partido Popular Europeu.

// Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

2 Comments

  1. Para a credibilidade do Parlamento Europeu e para confirmar que num mundo global não há espaço para fazer guerrinhas particulares, será essencial haver um boicote total à sociedade Russa.
    A Russia justifica a sua guerra como uma uma accão punitiva sobre um país que maltrata gente da sua ‘raça’.
    É a raça Russa.
    Portanto Portugal vai ter de atacar a India e a China ou qualquer outro país que se atrever maltratar um Português.
    Olho por olho, e se tu matas um eu mato dois dos teus.
    Este dogma primitiva não tem lugar num mundo de 2022 e eles precisam de sentir isto na pele mas de uma forma delicada e humanista

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.